Na última semana, o Ministério Publico Federal (MPF) aceitou a denúncia contra Yonne Mattos Maia e André Luiz Mattos Maia Neumann, que se tornaram réus pela acusação de trabalho análogo à escravidão. Os dois mantinham a idosa Maria de Moura que hoje tem 87 anos, em situação precária, já que ela trabalhava para família desde os 12 anos.
Um dos acusados também vai responder por coação e pelo crime de se apropriar do cartão magnético direcionado especialmente para idosos, ou para pessoas que não podem responder por si mesmas, que pertencia a Maria. A defesa alega que Maria, natural de Vassouras, no interior do Rio de Janeiro, era parte da família.
Tudo começou por meio de uma denúncia anônima, que afirmou que André Luiz e Yonne mantiveram Maria como trabalhadora doméstica “executando jornadas exaustivas e não remuneradas, em condições degradantes, sem liberdade para se locomover e restringindo sua capacidade de escolha”. Trabalho análogo à escravidão é um crime federal.
Dona Maria é de uma família humilde, e aos 12 anos foi morar com os patrões do pai, na fazenda onde ele trabalhava. O dono da fazenda era o pai de Yonne Matos Maia.
Quando foi resgatada em 2022, dona Maria estava com a saúde debilitada. Sem plano de saúde, a idosa perdeu grande parte da visão e atualmente recebe aposentadoria como autônoma.
O caso de dona maria é o mais longo de escravidão contemporânea já registrado no Brasil, segundo o Ministério do Trabalho. O resgate foi realizado pela Auditoria Fiscal do Trabalho no Rio, com a participação do Ministério Público do Trabalho e do Ação Integrada, programa de atendimento psicossocial.
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