O professor da rede pública do Município do Rio de Janeiro Allan de Souza Pervirguladez, viralizou na internet por conta de um vídeo em que ensina seus alunos da educação infantil, sobre a beleza dos diferentes tipos de cabelo, desde o crespo até o liso. Em entrevista ao Notícia Preta, o professor explicou a importância de trabalhar esses temas, com crianças pequenas.
“É fundamental que a educação antirracista atue desde a educação infantil, pois assim a criança já se desenvolve tendo noção de que o racismo é algo ruim, que causa dor e que não deve ser praticado em hipótese nenhuma, da mesma forma que insere noções de empoderamento, respeito à diversidade”, disse ele, que possui 17 anos de magistério.
Allan conta que encontrou na música um meio de ensinar sobre as diferenças do cabelo de cada criança. A música “O Meu Cabelo é Bem Bonito”, foi a primeira canção que ele apresentou para os alunos e tornou-se um grande sucesso entre as crianças, sendo o nome do primeiro livro dele, lançado recentemente.
“Nasceu de forma natural, após uma conversa com a professora regente da turma. Fui para casa e escrevi em coisa de 30 minutos 3 canções com esse fundamento antirracista. Resolvi ali que a primeira canção a ser trabalhada seria O Meu Cabelo É Bem Bonito. As crianças adoraram, fizemos o registro em vídeo, postei despretensiosamente nas redes e aí entrou para história”, explica.
O professor que é formado em Letras, e que começou a lecionar na educação infantil por conta de uma disciplina chamada ‘Literatura na infância’, conta que em sua primeira aula presenciou uma situação de racismo religioso dentro de sala de aula.
Com a chegada da pandemia de Covid-19, ele afirma que não conseguiu trabalhar o tema mais afundo, mas que depois de adotar as músicas, não registrou mais nenhum episódio de racismo em sala.
“O conceito do meu trabalho reside primordialmente em valorizar a autoestima das crianças negras e indígenas, mas também em racializar a criança branca assim como a oriental, mostrando que todas têm o seu valor e que o respeito deve prevalecer, independente da característica, cultura ou etnia do outro“, conta o professor, que faz isso através da Música Popular Brasileira Infantil Antirracista (MPBIA).
“A MPBIA é um movimento artístico e educacional que através da música, dos vídeos, dos shows pelas escolas públicas, da literatura produzida a partir dessas canções e das animações já criadas, procura disseminar no universo infantil o antirracismo de forma potente e lúdica, criando assim, um ambiente mais saudável e sem espaço para o racismo”, explica.
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