A segunda edição do evento será realizada das 15h às 22h, no Arpoador, na Zona Sul do Rio
Após reunir mais de 10 mil pessoas em sua estreia, em 2023, o Dia de Iemanjá do Arpoador, na Zona Sul do Rio, receberá o público carioca e as suas oferendas nesta sexta-feira (02), das 15h às 22h, no mesmo trecho da Praia de Ipanema, totalmente gratuito.
Atrações como Samba de Criolo, Nina Rosa, Ogan Bangbala, Afoxé Filhas de Ghandy, Jongo do Vale do Café, Tião Casemiro, Ogan Kotoquinho, Pai Dário, Companhia de Aruanda, Orin Dudu, Iza Diordi, Ilê Axé Onixêgun e Marcos André, o idealizador desta celebração, já estão confirmadas, além da Feira Crespa.
“A festa para Iemanjá carioca era uma tradição antiga inventada pelos terreiros nas areias da Zona Sul, liderada pelo célebre pai de santo e sambista Tatá Tancredo em 31 de dezembro, dia de Iemanjá na umbanda. Poucos sabem que essa foi a origem do costume de passarmos a virada do ano na praia – o que acabou se tornando a maior festa de rua do mundo, assim como a prática de vestir branco, jogar flores no mar e pular sete ondas”, rebobina Marcos.
Com a adesão de um número cada vez maior de pessoas, vieram os mega espetáculos de fogos e shows, o que expulsou os terreiros da comemoração nas praias. Para o ritual deste 2 de fevereiro, Marcos André mobilizou cerca de 120 mestres, entre líderes religiosos, artistas e filhos de santo, todos integrantes da rede de comunidades tradicionais que ele coordena em Madureira e em quilombos do Estado do Rio. “Essa celebração é um resgate e reconhecimento da história do Tatá Tancredo. Fico feliz de colaborar para devolver esse espaço no coração da Zona Sul para o povo de santo”.
Recorde de público na estreia
Em 2023, quando essa festa dos terreiros estreou no Arpoador, era esperado um público de mil pessoas. Porém, no fim da tarde já eram mais de 10 mil pessoas aglomeradas na pedra, no calçadão e nas areias do Arpoador para homenagear Iemanjá.
“Parecia até noite do ano novo com milhares de pessoas chegando vestidas de branco e com flores nas mãos. Ficamos surpresos com tamanha adesão do público já na nossa primeira celebração no Arpoador. Ficou provado que os cariocas querem muito essa festa e que temos tudo para, em alguns anos, alcançar a importância que o 2 de fevereiro tem em Salvador”, diz o músico. “O Rio possui tradição e um número imenso de casas de matriz africana para isso”, estima.
Todo o ritual de oferendas é liderado pelo legendário Mestre Bangbala, 104 anos, o Ogan mais antigo do país em atividade e patrono do Dia de Iemanjá no Arpoador, juntamente com Pai Dário, descendente da Casa Branca, primeira casa de candomblé do Brasil e um dos líderes do jongo do Morro da Serrinha. Eles serão acompanhados pelo criador do evento, o músico Marcos André, de família umbandista e praticante do candomblé.
Afinado com os novos tempos da sustentabilidade e proteção dos mares, o Pai Dário é categórico: “Todas as oferendas do ritual serão biodegradáveis. Pedimos ao público que não leve plástico, vidro ou madeira. É uma saudação à Rainha do Mar, à sua morada e às forças da natureza. Somente flores e frutas serão oferecidas nas águas”. Ao final, o público será convidado para um mutirão de limpeza das areias, calçadão e pedra do Arpoador.
Dia de Iemanjá no Arpoador é uma realização do Instituto Floresta e da Rede de Patrimônio Imaterial do Estado do Rio, com recursos da Prefeitura do Rio via Secretaria Municipal de Cultura, por meio do programa de fomento à cultura carioca Pro Carioca e da Secretaria Municipal de Políticas da Mulher e do Governo Federal via Ministério da Cultura Lei Paulo Gustavo.
Cortejo abre os trabalhos às 15h
O público é bem vindo a partir das 14h, aos pés da estátua do Tom Jobim, de onde sairá o cortejo com as oferendas para Iemanjá, às 15h, liderado por representantes das casas de umbanda e candomblé de origens centenárias e de cerca de 120 artistas de grupos de afoxé, jongo e samba.
Em seguida, será aberta uma Roda de Tambor ao lado da Pedra do Arpoador, com pontos de candomblé cantados pelo Mestre Ogan Bangbala e pelo Pai Dário, do Ilê Axé Onixêgun.
Logo depois teremos apresentações de Afoxé com os grupos Filhas de Ghandy, Afoxé Ore Lailai e Ogan Kotoquinho, seguidos de samba de roda com o grupo Orin Dudu e de jongo com os quilombos do Jongo do Vale do Café acompanhados da Companhia de Aruanda do Morro da Serrinha e do cantor Marcos André. Estes grupos convidarão o público para dançar muito samba de roda, jongo e afoxé na beira do mar.
O Jongo do Vale do Café vai representar mais de 150 anos de história do Vale do Café, berço do jongo, na festa. “O jongo é considerado o pai do samba carioca e o Jongo do Val do Café é o seu berço, celeiro dos grupos de jongo mais antigos do país”, explica Marcos.
Após as rodas teremos a apresentação do célebre cantor de umbanda Tião Casemiro, que vai entoar pontos de umbanda acompanhado pela sua orquestra de tambores.
A apoteose final da festa será uma roda de samba, prevista para às 19h, a ser realizada num palco montado ao lado da Pedra do Arpoador, com a participação dos célebres sambistas Nina Rosa e Samba de Caboclo, revelações recentes da cena do samba carioca. Muito samba no pé promete embalar a plateia.
Durante todo o evento, a Feira Crespa estará a postos, com barracas de gastronomia sob o comando de afroempreendedoras no Parque Garota de Ipanema.
Programação completa:
14h – Concentração do Cortejo na estátua do Tom Jobim
15h – Cortejo com oferendas liderados por Ogan Bangbala, Pai Dário e Ilê Axé Onixêgun
15h30 – Presente para Iemanjá na Pedra do Arpoador
16h30 – Afoxé Filhas de Ghandy, Afoxé Ore lai lai, Ogan Kotoquinho e Yza Diordi
17h – Samba de Roda com grupo Orin Dudu
18h10 – Jongo do Vale do Café, Companhia de Aruanda e Marcos André
18h50 – Roda de Umbanda com Tião Casemiro
19h30 – Nina Rosa e roda de samba
21h – Samba de Caboclo
22h – Encerramento
A Feira Crespa funcionará das 15h às 22h.
O evento será realizado com o apoio dos parceiros Coordenadoria Executiva de Diversidade Religiosa, Subprefeitura da Zona Sul, Ilê Axé Onixêgun, Companhia de Aruanda, Alalaô Kiosk e Hotel Arpoador.
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