Pesquisa revela que metade da população LGBTQIAP+ em favelas cariocas já sofreu discriminação no trabalho

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Pela primeira vez um levantamento realizado pelo Grupo Conexão G, mostra que metade da população LBGTQIAP+ que mora nas favelas do Rio de Janeiro, já sofreu discriminação sexual ou de gênero no trabalho, ou na comunidade. De acordo com o ‘Primeiro Dossiê Anual de Violências LGBTI+ em Favelas’, 53% dos entrevistados se declaram negros.

Ao longo de 1 ano e meio, foram ouvidas 1.705 pessoas LGBTQIAP+, em 60 comunidades do Estado do Rio. Cerca de 48,28% delas afirmam que já sofreram violência em uma abordagem policial, 47,80% já tiveram suas moradias invadidas, e 24,28% contam que já se sentiram ameaçadas em uma abordagem policial por sua identidade de gênero ou orientação sexual.

Primeira Parada do Orgulho LGBT+ da Rocinha, em 2010 – Reprodução/Fernando Frazão

O estudo aponta que 80% das entrevistadas que se declararam lésbicas, afirmaram que foram vítimas de assédio sexual, e 60% dos homens gays relataram assédio moral. Tendo em conta o impacto das ações policiais, 70% disseram que ficaram impossibilitados em alguma ocasião de ir para casa, em decorrência de operações da polícia.

A coordenadora do projeto, Gilmar Cunha falou sobre as diferenças do asfalto e a favela. “A criminalização da homofobia não funciona e não vai funcionar dentro das favelas”, diz Gilmar em entrevista ao g1.

“Aqui dentro, existem regras, muitas delas trazidas por igrejas neopentecostais, que nos colocam em risco”, desabafa. “Como vamos denunciar um agressor que mora a três casas da nossa?”, questiona a coordenadora, que explica que as políticas públicas contra a violência de gênero não surgem efeito nas favelas.

“Uma travesti aqui dentro é diferente da do asfalto. É diferente ser gay, lésbica dentro de uma comunidade. Não queremos que isso aconteça. Queremos fazer parte da democracia e da sociedade”, ressalta ela.

Os dados também mostram que 65% das mulheres trans ou travestis responderam que são ou já foram profissionais do sexo. Pessoas trans são as que mais tem dificuldades em conseguir trabalho com carteira assinada, já que 41% contaram que nunca tiveram u trabalho formal.

“Identificamos na pesquisa que 60% da população trans sobrevive com menos de R$ 100 por semana. Quando se trata das travestis, esse valor é muito menor. Porque elas não estão inseridas no mercado de trabalho, não têm acesso ao processo educativo, não são aceitas na sociedade. A única opção é a prostituição, mas não é o desejo de todas”, declara Gilmara.

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