Artistas recebem o título de ‘imortais’ da Academia Brasileira de Cultura, em cerimônia no Rio

1-17.jpg

Na noite da última terça-feira (14) a atriz e apresentadora Luana Xavier, a cantora e atual ministra da cultura Margareth Menezes, a cantora e compositora Alcione, a linguista e escritora Conceição Evaristo, a ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara e a cantora e multiartista Liniker, foram nomeadas imortais da Academia Brasileira de Cultura (ABC). 

As artistas receberam o título, em uma cerimônia realizada no Rio de Janeiro. No total, 13 novas personalidades foram empossadas, pelas mãos de membros mais antigos, da instituição criada em 2021, em “resposta à convocação de notáveis personalidades de diversas esferas artísticas, que se uniram em prol do atendimento das necessidades urgentes do panorama cultural brasileiro”. 

Ocupando a cadeira que tem como patronesse a sua vó, a atriz Chica Xavier, Luana Xavier afirma que não encontra palavras para descrever esse momento.

Luana Xavier, recebendo o título de “imortal” da ABC /Foto: José Renato AntunesDivulgação

Acho que ainda não existe palavra no dicionário que possa explicar a minha felicidade e honra em me tornar imortal pela Academia Brasileira de Cultura. Quando recebi esse convite e soube que ocuparia a cadeira 54 que tem minha avó Chica Xavier como patronesse, fiquei dias digerindo a informação“, afirmou Luana, que também conta que ficou emocionada ao saber das outras personalidades que fariam parte da academia, junto com ela.

Além disso, Luana destaca a importância de reverenciar quem veio antes, como sua vó, e a importância da cultura, para o país.

Sou artista desde que me entendo por gente. E completamente influenciada pelo amor a arte que minha avó Chica sempre nutriu. E por isso sei bem como a cultura de um país está no estofo da sua construção. A responsabilidade é grande, mas a satisfação é ainda maior. Essa menina preta, jovem, de axé, agora é imortal. Só posso agradecer a quem me guia. E é Dona Iansã quem me traz esses ventos de prosperidade. Avante! Evoé!“, agradeceu.

Já a multiartista Liniker que ficou com a cadeira 51 com a cantora Elza Soares como patronesse, muito emocionada, falou que essa foi a “formatura que pôde escolher”, e em agradecimento, lembrou de suas origens e do momento que a cultura e a arte entrou na sua vida.

Eu venho de uma família de artistas pretos, musicistas do samba. O samba me deu espaço, berço, estrutura e eu fico muito feliz de ter tido as melhores aulas e experiências no quintal da minha casa. Desde o momento que eu vi a cultura acontecendo no meu quintal, com as pessoas mais próximas a mim, que não eram pessoas abastadas, mas que sabiam o que eu precisava: que era dignidade, respeito, cultura, olho no olho e comprometimento“, disse em seu discurso.

A escritora Conceição Evaristo, que ficou com a cadeira 34 que tem Machado de Assis como Patrono, destacou que sua presença ali, como a de tantos outros artistas negros, é um ato de resistência. “Eu estou aqui pois ‘a gente combinamos de não morrer‘”.

A cantora Alcione, que ocupa a cadeira 30 que tem a cantora Ângela Maria como patronesse, no momento de seu discurso, resolveu cantar para celebrar o momento. Já a ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara que ocupa a cadeira 16, que tem como Patrono Paulo Paulino Guajajara, destacou a felicidade em receber essa honraria. “Esse ambiente, nunca foi nem possível sonhar, para mim“, disse a ministra.

Margareth Menezes, cantora e ministra da cultura, ocupa a cadeira 28 com Emilinha Borba como patronesse, e em seu discurso “Eu trago comigo as mulheres que fortaleceram e fortalecem as expressões artísticas do Brasil, em especial às mulheres negras, às mulheres indígenas, às minha ancestrais. Salvo e celebro todas elas e meus pais também“, disse a ministra.

Além delas, também tomaram posse na cerimônia: a cantora Daniela Mercury na cadeira 24 com Gonzaguinha como Patrono, a atriz Glória Pires na cadeira 42 com seu pai Antônio Carlos Pires como Patrono, a poeta e filósofa Viviane Mosé na cadeira 48 com Nietzche como Patrono, Juma Xipaia na cadeira 49 com Marçal de Souza Tupã Y, o produtor cultural Antenor José de Oliveira Neto na cadeira 52 com Pixinguinha como Patrono, o diretor teatral José Luiz Ribeiro na cadeira 53 que tem Murilo Mendes como Patrono e a atriz Vanessa Giácomo na cadeira 55 que tem Chico Anysio como Patrono.

Leia também: Ministros da Cultura do Mercosul assinam declaração contra o racismo

Bárbara Souza

Bárbara Souza

Formada em Jornalismo em 2021, atualmente trabalha como Editora no jornal Notícia Preta, onde começou como colaboradora voluntária em 2022. Carioca da gema, criada no interior do Rio, acredita em uma comunicação acessível e antirracista.

Deixe uma resposta

scroll to top