A clínica de recuperação de dependentes químicos da rede Kairós é investigada após morte de paciente. Onezio Ribeiro Pereira Júnior, morreu no dia 25 de setembro deste ano, ele havia dado entrada na clínica situada em Embu-Guaçu, região metropolitana de São Paulo. O corpo tinha marcas de estrangulamento e espancamento.
Outras clínicas da rede também são investigadas pela Polícia Civil por suspeita de tortura, lesão corporal, desaparecimento e pelo menos mais duas mortes. A matéria veiculada pelo portal UOL mostra casos além do de Onezio. Outro homicídio já era investigado pela Polícia Civil. Um interno da rede morreu em março com marcas no pescoço.
O proprietário da Kairós, Ueder Santos de Melo, foi preso no mês passado devido investigações sobre a morte. Ueder fundou a primeira unidade da Kairós em 2017, mas três antes o empresário tinha sido condenado por assalto a mão armada no estado do Paraná e cumpria pena em regime aberto. Foi preso novamente em outubro deste ano em investigação pela morte de Onezio.
Outros oito funcionários da clínica também estão presos temporariamente. A rede de clínicas opera através de seis CNPJs diferentes nas unidades em Juquitiba, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra e São Lourenço da Serra, todas em São Paulo.
Em entrevista ao UOL, um ex-paciente que pediu anonimato revelou: “Fui espancado, torturado duas vezes. Era ateu, mas comecei a rezar para um dia sair dali”, disse.
A clínica é investigada por remoções, operações que resgatam pessoas em casa e internam de maneira involuntária. A legislação diz que é necessário a autorização de um familiar imediato acompanhado de laudo médico para que haja internação involuntária de dependentes químicos, ou seja sem consentimento do dependente. Porém, as clínicas devem notificar o Ministério Público em até 72 horas justificando a internação.
Outro paciente chamado Paulino ouvido pela reportagem revelou, “estouraram a minha porta, me amarraram. Cheguei lá sangrando, com os pulsos sangrando. A recepção foi com três ‘gogós’, e tive que tomar o que eles chamam de ‘danoninho’“, disse ele.
Segundo informações, “Gogó” é uma técnica de enforcamento usada contra os internos e “danoninho” é um coquetel de sedativos de cor rosa. Paulino afirmou ter feito necessidades na cama e ter dormido durante três dias pois não acordava.
O ex-interno ainda acrescentou: “Se falasse um ‘a’, era ‘cala a boca, que não mandei falar’. O diretor da clínica um dia me bateu porque pedi a lista do que a minha família tinha mandado. Me deu um ‘gogó’ e joelhadas no estômago. Fingi que desmaiei para escapar”
O Notícia Preta entrou em contato com a Clínica e aguarda posicionamento, assim que houver resposta será acrescentado na matéria.
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