Formiga considera “precoce” e “frustrante” eliminação do Brasil na Copa do Mundo Feminina

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Copa do Mundo Feminina - Formiga

Após a eliminação do seleção brasileira de futebol feminino da Copa do Mundo nesta quarta-feira (02), quando o Brasil empatou em 0x0 com a Jamaica, a ex-jogadora Formiga, em entrevista exclusiva ao Notícia Preta, lamentou a eliminação da equipe, que considerou “precoce” e “frustrante”, mas falou sobre a importância de seguir em frente.

“Para mim é frustrante demais. Uma eliminação tão precoce da seleção, da qual a gente vem percebendo uma evolução grande dentro da própria entidade. Mas não podemos parar por aqui. Acho que é levantar a cabeça, temos Olimpíadas pela frente, é dar continuidade no trabalho, seja com a Pia ou não. Temos que pensar no próximo ano”, disse a ex-jogadora.

Sendo um dos grandes nomes do futebol nacional, Formiga afirmou que não tem dimensão de sua representatividade para o futebol, mas reconhece o quanto representa para mulheres negras.

“Sobre a questão da representatividade em relação a mulheres negras, minha mãe costuma dizer: ‘você é uma pretona arretada, né?’. Lá na Bahia é ‘minha negona‘, disse ela, que acrescentou:

“De onde eu venho, o Nordeste, sempre sofreu muitos preconceitos. Imagine eu, sendo negra, nordestina, vindo do subúrbio, então? Eu acredito que as pessoas que saem de onde eu nasci podem acreditar que é possível conquistar algo na vida, independentemente de as pessoas olharem para gente de uma maneira torta”, afirmou a ex-jogadora, que confessou ficar feliz com a forma que construiu sua carreira.

E ex-jogadora Formiga atua como comentarista na Copa do Mundo Feminina /Foto: Globo/ João Cotta

Hoje, depois de tantas conquistas, Formiga se orgulha do lugar em que chegou, e o que alcançar esses feitos, significa não só para ela, mas para o coletivo.

Acredito que hoje ocupe um espaço que muitas pessoas antigamente achavam que eu não atingiria e fico feliz por essa parte, sabe, de representar muito bem a minha raça, minha cor, porque é fantástica a nossa luta por igualdade. É bastante difícil, só sabe quem passou, quem sentiu na pele muito preconceito, muito machismo, muita discriminação, só por ser mulher, jogadora“, comentou.  

Formiga também analisou, na seleção atual, quais jogadoras desempenham em campo uma função tática e que tenham características técnicas parecidas com a dela. “Tem várias meninas boas, talentosas. Na minha posição vejo a Luana, e todos percebem muito bem o trabalho que ela faz, de formiguinha, que é pouco reconhecido dentro de campo“.

A Ary Borges, que joga na ponta, segundo ela “na mesma posição da Luana” tem potencial para evoluir bastante. “Ela tem um poder de marcação muito grande”, diz a ex-jogadora que disputou o primeiro mundial em 1995. Sobre as mudanças estruturais no futebol, desde essa época, ela frisa que a maior delas está na valorização que fez com que as jogadores pudessem se cuidar melhor.

“Eu acho que essa mudança de pensamento das atletas, de deixar de ser jogadora de futebol e virar atleta profissional, é a grande mudança que a gente vê hoje. Temos um Mundial bem competitivo de certa forma, com o crescimento de algumas seleções e o aumento do número de participantes em Copa do Mundo. Mas a gente vê uma evolução muito grande justamente por esse cuidado das atletas, que estão buscando melhorias”, disse a craque.

Formiga participou de sete mundiais e sete olimpíadas como jogadora, a que mais vestiu a camisa da Seleção Brasileira, entre homens e mulheres na história. Ela também comentou a Copa do Mundo masculina, e agora, Copa do Mundo feminina. Para a ex-jogadora, encarar mas um campeonato fora de campo, é um desafio.

“A cada partida confesso que fico super nervosa, mais do que quando estava dentro de campo”, diz ela, que apesar do nervosismo, ter se planejado para isso. “Planejei estar desse lado, encerrar a carreira e saber que não ia mais estar ali. Então, quando se planeja, as coisas tendem a acontecer naturalmente”.

A atual comentarista afirma que dominava muito bem quando estava dentro das quatro linhas, mas está feliz de vivenciar essa mudança grandiosa no futebol feminino, e de ver tantos talentos não só no Brasil, mas no mundo também.

Ela acredita que o futebol feminino está pegando um rumo bacana, sendo respeitado “apesar de ainda existir algumas situações com alguns países que ainda não respeitam as mulheres, que desviam verba”. Mas Formiga torce para que todos possam ter o direito de receber direitos iguais, e que não enfrentem esse tipo de situação.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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