Seis em cada dez brasileiros não fariam nada caso presenciassem uma criança apanhando de seus pais. É o que revela o estudo “Atitudes e percepções sobre a infância e violência contra crianças e adolescentes no Brasil”, da Fundação José Luiz Egydio Setúbal (FJLES) e Instituto Galo da Manhã, com apoio técnico da Vital Strategies Brasil.
Dentre os entrevistados, 38% entendem que uma pessoa que comete um assalto deixa de ser criança e 36% consideram que alguém que trafica drogas deixa de ser criança. Esse entendimento chega a 42% na região Sul do país e 44% no Sudeste.
De acordo com o relatório, 25% das pessoas não fariam nada com justificativa de que “cada um toma conta da própria vida”, 25% não tomariam atitude por não saber o motivo da agressão, e 17% gostariam de intervir, mas não o fariam por medo. Os dados apontam a percepção dos brasileiros sobre práticas de violência física como soluções educativas.
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Para 18% dos entrevistados crianças e adolescentes podem começar a trabalhar fora de casa a partir dos 11 anos e 82%, a partir dos 14 anos. Além disso, 18% acreditam que crianças podem ser responsáveis por atividades domésticas (como cuidar dos irmãos, cozinhar etc.) na faixa entre 4 e 10 anos e 49% consideram que essas são tarefas que podem ser desempenhadas por crianças entre 11 e 13 anos. Aqueles que concordam que as crianças devem trabalhar fora de casa ou se ocupar de atividades domésticas são, em maioria, pessoas acima de 40 anos.
O relatório mostra ainda que 46% dos entrevistados disseram concordar que uma criança ou um adolescente arrume um trabalho de meio período fora de casa. 40% acredita que eles também podem ser responsáveis por atividades domésticas (cozinhar, lavar roupas, cuidar dos irmãos, etc)
O objetivo do estudo é compreender como a população brasileira se comporta em relação ao tratamento dado às crianças pelos adultos na posição de cuidadores e parte da prática de que a violência contra criança é um aspecto que conta com algum grau de subjetividade: os debates sobre a violência física e psicológica constantemente esbarram na definição dos limites do que deve e do que não deve ser tratado como violência.