11 anos sem Claudia Ferreira: o Brasil segue arrastando vidas negras

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Em 16 de março de 2014, Claudia Silva Ferreira, uma mulher negra mãe de quatro filhos e moradora do Morro da Congonha, em Madureira, no Rio de Janeiro, foi morta. Claudia saiu para comprar café da manhã para sua família e foi vítima de uma operação policial, quando foi baleada e depois arrastada por uma viatura.

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em 2023, 17 pessoas foram mortas por dia em ações policiais, totalizando mais de 6.000 mortes no ano. O dado se torna ainda mais alarmante quando se observa o perfil das vítimas: 80% eram negras e jovens moradores de periferias. Na época em que Claudia morreu, pessoas negras possuiam 147% mais chances de serem vítimas por homicídios, em relação a indivíduos não negros, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Claudia Silva Ferreira /Foto: Reprodução/Redes Sociais

Claudia foi baleada no pescoço e nas costas durante o suposto confronto entre policiais e traficantes. Após ser atingida, ela foi colocada no porta-malas de uma viatura da Polícia Militar para ser socorrida, quando caiu do veículo e foi arrastada por cerca de 350 metros. O caso chocou o país, e onze anos depois, os policiais envolvidos foram inocentados.

Os PMs Adriano dos Santos Costa, Rodney Miguel Archanjo, Alex Sandro da Silva Alves e Ronaldo José do Nascimento chegaram a ser afastados. Mas no último ano, seis policiais que respondiam por homicídio e por remover o corpo de Cláudia do local, foram inocentados por decisão do juiz Alexandre Abrahão Teixeira, do 3º Tribunal do Júri.

Os acusados agiram em legítima defesa para repelir a injusta agressão provocada pelos criminosos, incorrendo em erro na execução, atingindo pessoa diversa da pretendida”, escreveu Abrahão.

O Atlas da Violência 2024, do Ipea, revela que o Brasil ainda mantém uma das maiores taxas de homicídios do mundo, afetando de forma desproporcional a população negra. O estudo aponta que um jovem negro tem quase três vezes mais chances de ser assassinado do que um jovem branco .

Relembre o caso 

Naquela manhã de domingo, Claudia saiu de casa para comprar pão. No meio da operação policial do 9º Batalhão da Polícia Militar, no morro, foi baleada. Moradores tentaram levá-la ao hospital, mas foram impedidos pelos PMs, que a colocaram no porta-malas da viatura alegando que fariam o resgate.

O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) apontou que Claudia morreu devido aos disparos que sofreu, mas as lesões provocadas pelo arrastamento agravaram seu estado. O vídeo, feito por um cinegrafista amador, tomou os jornais da época e o caso de Cláudia se destacou.

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