10 anos do crime ambiental de Mariana (MG)

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Uma década depois do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), rios ainda estão contaminados, comunidades devastadas e ninguém foi responsabilizado criminalmente

Em 5 de novembro de 2015, ocorreu o rompimento dada barragem de Fundão, em Mariana (MG). A barragem, controlada pela Samarco, joint venture da Vale, e da BHP Billiton, liberou mais de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração. A lama tóxica destruiu o distrito de Bento Rodrigues, matou 19 pessoas e contaminou mais de 600 km de rios, até o estado do Espírito Santo.

O rejeito contaminou o solo e os rios, afetando o abastecimento de água, a pesca e a biodiversidade e comunidades foram diretamente impactadas, e muitas ainda enfrentam dificuldades de reassentamento. Uma década depois do ocorrido processos de reparação e indenização seguem em andamento, sem conclusão definitiva.

Uma década depois do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG) ninguém ainda foi responsabilizado criminalmente – Foto:  Antonio Cruz/ Agência Brasil

O crime ambiental em Mariana teve:

  • 19 mortes;
  • 2,5 milhões de pessoas foram atingidas direta ou indiretamente;
  • 49 municípios foram atingidos direta ou indiretamente;
  • 63,2 km de corpos de água atingindo os estados de Minas Gerais e Espírito Santo;
  • 1.469 hectares de vegetação destruídos, incluindo Àreas de Preservação Permanente
  • 22 pessoas denunciadas pelo Ministério Público Federal
  • 4 empresas denunciadas pelo Ministério Público Federal

Uma década depois ninguém ainda foi responsabilizado criminalmente

Em 14 de novembro de 2024, a Justiça Federal decidiu pela absolvição da empresa Samarco e todos os réus, a Juíza Federal substituta, Patricia Alencar Teixeira de Carvalho, alegou que os documentos, laudos e testemunhas ouvidas durante o processo “não responderam quais as condutas individuais contribuíram” para o desastre.

Após um mês da decisão, o Ministério Público recorreu, alegando que a omissão de todos os acusados contribuiram para o aumento do risco da operação da barragem . O procurador da República Eduardo Henrique de Almeida Aguiar, também defende que grandes crimes ambientais não ocorrem pela conduta de uma única pessoa e sim pela atuação de uma complexa estrutura organizacional.

Quase um ano depois, esse recurso ainda não foi analisado pela Justiça. A demora no processo faz com que crimes pelos quais os réus foram acusados acabe sendo prescritos.

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Ministério público pede a responsabilização de:

  • Da mineradora e suas acionistas, Vale e BHP, e da consultoria VogBR que atestou estabilidade na estrutura
  • Ricardo Vescovi (diretor-presidente da Samarco à época do desastre)
  • Kleber Terra (diretor de operações e infraestrutura da Samarco)
  • Germano Lopes (gerente operacional da Samarco)
  • Wagner Alves (gerente operacional da Samarco)
  • Daviély Silva (gerente operacional da Samarco)
  • Samuel Paes Loures (engenheiro da VogBR).
Layla Silva

Layla Silva

Layla Silva é jornalista e mineira que vive no Rio de Janeiro. Experiência como podcaster, produtora de conteúdo e redação. Acredita no papel fundamental da mídia na desconstrução de estereótipos estruturais.

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