No final de ano, diversas manifestações culturais natalinas se destacam pelo Brasil, com suas diferenças regionais e religiosas, como o Congado e a Folia de Reis, presente em diferentes estados brasileiros. Em entrevista ao Notícia Preta, Marcos Antônio Gonçalves, conhecido como Tuche, capitão regente do grupo afro-religioso Moçambique Nossa Senhora da Conceição, e também mestre da Folia de Reis Santa Efigênia, ambos de Minas Gerais, conta o significado dessa tradição.
“Para mim é minha vida. Não consigo viver sem o meu congado, sem a minha folia. Todo dia alguém procrando a gente pra rezar, pra benzer, rezar um terço. Então é uma missão que a gente tem que cumprir. É o coração da gente“, diz Tuche, que é regente do Moçambique há 25 anos, e que integra o grupo que nasceu 1969 em Sete Lagoas, desde os dois anos, graças ao seu pai.
Os congados e reinados foram declarados Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais este ano, enquanto a Folia de Reis, que comemora o nascimento de Jesus encenando a visita dos três Reis Magos, já é considerada Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais, desde 2017.
Tuche conta que as atividades do Moçambique e comemorações começam a partir de abril, todo domingo, e que seguem até dia 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição. “Vem tudo de Nossa senhora do Rosário, dos negros, da ancestralidade afro-brasileira, e a gente segue esse rumo. O congado nasceu aqui no Brasil a partir de Chico Rei”, diz ele, que continua: “A comunidade toda participa, eles esperam por aquilo ali“, conclui.
Chico Rei, segundo tradição mineira, foi um rei do Congo que foi trazido para o Brasil como escravo, e que depois de conseguir comprar sua alforria e de seu filho, passou a comprar a liberdade de outras pessoas negras escravizadas, e assim, considerado Rei por elas.
Tuche afirma que o Folia de Reis Santa Efigênia tem entre 20 e 30 anos, e que a festa da Folia de Reis começa a partir do dia 24 de dezembro, e vai até 6 de janeiro. “A gente vai entrando nas casas, professando a fé e levando a alegria dos cânticos, e a paz“, explica.
Outras manifestações culturais natalinas
Reisado: No Ceará, o reisado formado por um cortejo composto por dois cordões, em comemoração ao nascimento do menino Jesus e em homenagem aos reis magos, tendo como personagens principais o rei e a rainha.
Pastoril: Na tradição cristã, são os pastores quem primeiro recebe a notícia da vinda do filho de Deus e celebram num alegre teatro popular que une cultura, tradição e religiosidade. A celebração acontece bastante na Paraíba, Rio grande do Norte, Pernambuco e Alagoas.
Reisado: Ocorre geramente no Nordeste, onde cada grupo apresenta seus próprios entremeios (partes representadas), peças (partes cantadas) e embaixadas (partes declamadas).
Bumba-meu-boi: O bumba-meu-boi faz parte das festividades natalinas em Pernambuco, Ceará, Bahia, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul, apesar de aparacer nas festas juninas em lugares como Rio de Janeiro.
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