Uma mulher foi resgatada após ser submetida por 27 anos ao trabalho análogo à escravidão. A vítima tem 82 anos e era mantida em cárcere privado por um casal que pegava o BCP (Benefício Previdenciário Continuado) cedido por conta da aposentada por idade. O crime aconteceu em Ribeirão Preto no interior de São Paulo
De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Polícia Militar, uma denúncia anônima indicou que uma idosa era mantida em cárcere privado e sofria abusos por um casal. A “patroa” tentou inclusive fugir com a mulher, de modo que atrapalhou a investigação, impedindo a entrega dos documentos da aposentada.
A mulher trabalhava como empregada doméstica desde os 5 anos de idade. Aos 55 anos ela foi cedida para o casal, após a antiga “patroa” falecer. Desde então, a senhora era vítima de um crime que evidencia as novas faces da escravidão moderna. Ela era mentida a constantes trabalhos, sofrendo inclusive ameaças.
“Sem estudos, amigos ou relacionamentos amorosos, ela se submeteu a essa situação por ser extremamente vulnerável”, declarou o procurador do caso, Henrique Correia, em declaração para UOL. A mulher trabalhou sem folgas ou salário por 26 anos. O BCP era recebido pelo casal que dizia para a aposentada que eles enviavam 100,00 reais para um irmão dela.
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Ainda de acordo com o MPT, durante quase 3 décadas a vítima trabalhava sem nenhum recolhimento previdenciário. “Sem registro na carteira de trabalho, sem garantia de recebimento de salário, de férias, de 13º salário”, disse Jamile Freitas Virginio, auditora fiscal.
Por fim, a Justiça Trabalhista concedeu uma liminar condenando o casal a pagar uma indenização de R$ 815,3 mil à idosa. De acordo com as leis trabalhistas, o casal pode ser incluído na chamada “lista suja do trabalho escravo”.