Sete sindicatos estaduais de artistas divulgaram uma nota conjunta em defesa de Taís Araújo e em resposta às declaraçõea do presidente do Sated-RJ, Hugo Gross. As entidades afirmaram que “não compactuam com discursos que minimizam ou negam o racismo estrutural” e criticaram o dirigente por atacar a atriz após a denúncia feita por ela ao setor de compliance da Globo.
“É lamentável que o dirigente do Sated-RJ utilize um espaço público e de visibilidade para direcionar críticas a artistas, em vez de cobrar responsabilidade das estruturas empresariais e das produções que perpetuam a exclusão e a desigualdade”, diz o comunicado.
A reação ocorre após a revelação de que Taís levou ao compliance da emissora uma queixa sobre divergências com a autora Manuela Dias a respeito dos rumos da personagem Raquel na novela. Segundo o F5, a atriz buscava contribuir para o debate sobre a representação de pessoas negras nas produções da Globo.
Os sindicatos também ressaltaram que “o papel das entidades é proteger trabalhadoras e trabalhadores”, e não deslegitimar denúncias de injustiças. “Cabe às entidades representativas promover o diálogo e a transformação social, e não reforçar narrativas preconceituosas ou relativizar o sofrimento de seus representados”, afirmaram.
A nota é assinada pelos Sateds de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Paraíba, além do Sindicato dos Profissionais da Dança do Rio de Janeiro (SPD-RJ).
Relembre o caso
As falas de Hugo Gross ganharam repercussão após ele afirmar: “Está reclamando de negros, porque não teve papel para negro. Hoje, qualquer coisa, é que o negro não teve chance. Vale Tudo teve três negros protagonistas. Tem que parar com isso, a vida não é isso. Qualquer coisinha ‘ah, porque o negro não tem voz’. Ninguém está pensando mais nisso, isso já passou milhões de anos atrás”.
O presidente do sindicato também defendeu que a Globo tem dado mais espaço a artistas negros. Entre 1994 e 2014, apenas 10% dos protagonistas das novelas da emissora eram negros, segundo estudo da UERJ. Em 2023, pela primeira vez, todas as novelas inéditas exibidas tiveram protagonistas negros.
“A Globo está colocando os negros para trabalhar, mais do que obrigação! Sempre teve chance e hoje tem melhor ainda. A leitura que o Sated tem é que tem que aceitar o que o autor está fazendo. O ator tem que executar e agradecer, né, se tiver essa humildade”, disse Gross.
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