Um novo estudo publicado no JAMA Psychiatry trouxe uma descoberta curiosa: a intimidade, especialmente o sexo, pode acelerar a cicatrização de feridas na pele. A pesquisa reforça um conjunto crescente de evidências sobre a relação entre afeto, bem-estar emocional e respostas fisiológicas do organismo.
Há décadas, estudos científicos já apontam que relacionamentos afetivos estáveis estão associados a maior longevidade e menor risco de mortalidade por diversas causas. Agora, os pesquisadores buscaram entender como a ocitocina, conhecida como o “hormônio do amor”, participa diretamente da resposta imunológica e da regeneração da pele.

O papel da ocitocina e do afeto
A ocitocina é liberada em momentos de intimidade, seja em relações sexuais, abraços, demonstrações de carinho ou até interações entre mãe e bebê, como a amamentação. Ela está diretamente ligada à criação de vínculos sociais e a processos que reduzem o estresse.
Para avaliar seus efeitos, cientistas recrutaram 80 casais heterossexuais e aplicaram pequenas bolhas nos antebraços de cada participante. Depois, dividiram os voluntários em quatro grupos:
- Ocitocina + Tarefa de Apreciação do Parceiro (TAP) — em que os casais trocavam elogios e comentários positivos;
- Placebo + TAP;
- Ocitocina sem TAP;
- Placebo sem TAP.
Os sprays nasais (de ocitocina ou placebo) eram aplicados duas vezes ao dia durante uma semana.
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O que a ciência descobriu
Sozinha, a ocitocina não foi suficiente para acelerar a cicatrização. Mas quando combinada com interações carinhosas, a chamada “terapia assistida por parceiro”, houve melhora significativa na recuperação das feridas.
O efeito foi ainda maior entre os casais que relataram ter mantido relações sexuais ao longo do estudo.
Os pesquisadores observaram:
- Melhor cicatrização entre quem teve mais intimidade física;
- Níveis mais baixos de cortisol, hormônio do estresse, entre os participantes que tiveram relações sexuais durante o período da pesquisa;
- Uma possível sinergia entre afeto, redução de estresse e liberação de ocitocina.
O que isso significa
Segundo os autores do estudo, a ocitocina não apresenta efeito direto e isolado sobre o sistema imunológico. O hormônio, no entanto, parece potencializar os efeitos curativos que surgem da intimidade, da conexão emocional e da redução do estresse.
Em outras palavras: sexo, carinho e palavras de afeto criam um ambiente biológico favorável à recuperação do corpo.
“A ocitocina amplifica os benefícios da intimidade, em vez de agir de forma independente”, concluíram os pesquisadores.










