Servidor do Ministério da Justiça Clebson Ferreira afirmou, nesta segunda-feira (14), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que uma ex-subsecretária da pasta, ainda durante o governo Jair Bolsonaro, solicitou estudos que buscavam vincular o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a facções criminosas, a apuração é do portal ICL.
Ferreira atuava na Secretaria de Inteligência do ministério e foi ouvido como testemunha nas investigações que apuram uma possível tentativa de golpe em 2022. Em seu relato ao STF, ele também contou que foi encarregado de elaborar um relatório apontando os municípios onde Lula liderava com mais de 75% dos votos.
De acordo com o servidor, a subsecretária solicitou uma análise estatística cruzando o percentual de votos do então candidato Lula com territórios dominados por grupos criminosos, como o Comando Vermelho, especialmente no Rio de Janeiro. Ferreira comentou que compartilhou essa demanda com sua então esposa, por considerar o pedido politicamente direcionado. “Camila é minha esposa à época, agora ex-esposa, e às vezes eu mantinha contato com ela quando chegava alguma demanda com algum tipo de viés político”, afirmou.

O depoimento ocorreu no mesmo dia em que o STF colheu declarações de testemunhas ligadas aos três núcleos da chamada trama golpista, totalizando 23 réus. Ainda nesta segunda, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, também prestaria novo depoimento ao Supremo. Colaborador da Polícia Federal, Cid firmou acordo de delação premiada e deve fornecer mais detalhes sobre o funcionamento desses grupos.
Ferreira afirmou ainda que, ao mapear os locais com ampla vantagem de Lula, percebeu uma atuação da PRF com mais rigor nessas regiões. “Onde Lula tinha mais de 75% houve uma pressão nas adjacências de trânsito”, disse.
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