Professores no Brasil: salário é quase a metade da média dos países ricos, segundo OCDE

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De acordo com o estudo Education at a Glance 2024, divulgado nesta terça-feira (10) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil possui graves problemas com relação a remuneração dos professores. Os dados apontam que no país, os salários dos docentes que lecionam para o ensino fundamental II são quase a metade do que é pago aos professores de países da OCDE.

No Brasil a remuneração com qualificações mínimas são, em média, de US$ 23.018 por ano. Ou seja, cerca de R$ 128 mil. Já nos países da OCDE são US$ 43.058 por ano, o que equivale a mais ou menos R$ 237 mil. Isso significa que o valor no Brasil é 47% mais baixo.

Professores brasileiros ganham pouco e trabalham mais, segundo estudo da OCDE /Foto: Sumaia Vilela – Agência Brasil

Até mesmo dentro da América Latina o Brasil se destaca com salários baixos. Enquanto no Chile o valor começa em US$ 29.453,39 por ano, no México é de US$ 33.062,45. Para fazer tais comparações o estudo usa como parâmetro é levando em consideração a escala de paridade do poder de compra, incluindo eventuais bonificações e o décimo terceiro salário.

O trabalho dos professores consiste em uma variedade de tarefas, incluindo o ensino, mas também a preparação de aulas, a avaliação de tarefas e a comunicação com os pais. O número de horas que os professores são contratualmente obrigados a ensinar varia muito entre os países?“, diz o estudo.

Apesar de receberem menos no Brasil, esses mesmos professores trabalham mais. Eles têm de lecionar 800 horas por ano no Brasil, enquanto que em países da OCDE, os professores trabalham 706 horas por ano. Segundo uma professora da rede pública que pediu para não ser identificada, a carga horária excessiva e a precarização do trabalho também fazem parte da realidade dos docentes, para além da remuneração.

Os salários baixos são uma das principais queixas dos educadores, isso impacta diretamente o nosso bem-estar e pode influenciar na motivação, além de, muitas vezes, ser insuficiente para suprir as necessidades básicas do professor, nos levando a acumular múltiplas cargas/horárias; chegando a trabalhar três turnos para complementar a renda. Isso acaba afetando a qualidade de vida e o tempo disponível para o planejamento das aulas e para se dedicar ao processo de ensino-aprendizagem“, explica ela.

A professora aponta que incentivar financeiramente os professores é importante pois “essa ação reconhece o valor da contribuição desse profissional à sociedade e incentiva a permanência de profissionais qualificados na área da educação“, o que também segundo ela, implica diretamente no desempenho dos alunos.

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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