Há 131 anos a escravidão foi abolida do Brasil, mas, efetivamente, não rompeu com o pensamento escravocrata que perdura até os dias atuais. O racismo estrutural dificulta o acesso da população negra à uma efetiva cidadania.
Segundo a professora de história da Universidade de Brasília (UnB) Ana Flávia Magalhães afirmou que está havendo espaço para provocações abertas ao movimento negro, onde os deputados rendem homenagem à Princesa Isabel e silenciam o protagonismo dos negros na luta abolicionista. Desta forma, segundo Magalhães, o Brasil ainda insiste em contar somente um lado da história. “O Plenário Ulisses Guimarães recebeu uma homenagem à princesa Isabel e uma comemoração aos 131 anos da abolição, sem fazer qualquer referência à ação histórica de homens e mulheres negras na luta por liberdade e cidadania neste país. Seguem tentando nos apagar”, observou.
De acordo com o quilombola e bacharel em Direito Danilo Serejo, o ponto de vista do negro na história oficial do Brasil sempre foi negligenciado, sendo ponto inicial da negação de direitos básicos e dificuldade de acesso à cidadania. “Os quilombos, espaços de liberdade criados pela resistência negra durante os três séculos de escravidão, até hoje dependem da boa vontade política e do resguardo do Judiciário para serem reconhecidos e protegidos”, alertou.
Ainda segundo Serejo, das seis mil comunidades quilombolas existentes no Brasil, 3,5 mil são certificadas pela Fundação Cultural Palmares, mas pouco mais de 200 possuem títulos sobre as terras. “Quais as razões do não reconhecimento efetivo das comunidades quilombolas? O racismo só é o que é hoje, da forma como o conhecemos, porque existe uma institucionalidade que o elabora e o chancela” finalizou.
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