Iniciativa da escritora Odailta Alves em parceria com a artista visual Whittney de Araújo, transforma geladeiras recicladas em gelotecas com pintura e livros
A escritora recifense Odailta Alves em parceria com a artista visual internacional Whittney de Araújo, começou na última sexta-feira (22), a distribuição das geladeiras culturais. A ação, que visa contribuir com a arte literária em áreas periféricas, será instalada em dez pontos de cultura de Pernambuco. As unidades são equipamentos reciclados, pintados com traços autorais e recheados de livros arrecadados em campanhas de doação.
O projeto “Geloteca – Pincelando com as Palavras e Representatividade Cultural” foi aprovado pelo Programa Nacional Aldir Blanc (PNAB-PE) vai contemplar espaços comunitários de Camaragibe, Olinda, Igarassu, Jaboatão dos Guararapes e Recife.
As gelotecas misturam arte e literatura. Do lado de fora, cada geladeira expõe uma pintura definida em diálogo com as comunidades, que escolheram símbolos e homenageados. No Quilombo Cultural Xambá, em Olinda, por exemplo, nomes como Mãe Biu e Guitinho do Xambá surgem como referências para a ilustração.
Inicialmente, nesta sexta, o projeto vai contemplar cinco localidades: Ponto de Cultura Estrela Para Todos / Maracatu Estrela Brilhante – Igarassu; Ponto de Cultura Um Quilombo Cultural / Grupo Bongar – Comunidade Xambá – Olinda; Ponto de cultura Coco de Umbigada – Olinda; Ponto de Cultura Tecer – Jaboatao dos Guarapes; e o Ponto de Cultura Arte e Cidadania – Camaragibe. A ideia é que, até novembro, sejam feitas as demais entregas.
Parte do acervo de livros foi doado pelo coletivo literário Mala Preta, que promove a literatura negra pernambucana em feiras e saraus.
Odailta Alves, de 46 anos, nasceu na favela de Santo Amaro, no Recife. Ela é professora antirracista, atriz e escritora inndependente. Ao todo, já conta com mais de oito livros publicados, entre poemas e contos. Doutoranda em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), já trabalhou na educação infantil e ama contar histórias e recitar poemas.
Já Whittney, tem 26 anos, é pintora preta e periférica. Construiu carreira no Brasil e no exterior. Em 2023, foi premiada na mostra internacional Embracing Our Differences, na Flórida (EUA), com a obra Somos todos pérolas. No mesmo ano, participou da Feira de Arte Contemporânea de Pernambuco, no Cais do Sertão, e de coletivas no Shopping RioMar e na Christal Galeria.
Em 2024, foi selecionada para uma residência artística na Christal Galeria, onde também apresentou a exposição Territórios Pina. Também realizou oficinas e rodas de conversa em escolas e museus. Em 2025, voltou a expor nos EUA e integrou a mostra Nuclear Pop, no Centro Internacional de Viena (Áustria).
