No próximo domingo (31) o Museu do Manhã, no Rio de Janeiro, recebe a primeira edição do Prêmio Escritas Pretas. Na ocasião vai acontecer, também, a cerimônia oficial do nascimento do Quilombo Literário – Aquilombamento Brasileiro de Letras e Artes Pretas e Originárias. Serão homenageados escritores, escritoras, personalidades e instituições que desenvolvem ações literárias, acadêmicas e culturais antirracistas inspiradoras. A premiação tem como o objetivo principal reconhecer a produção literária descentralizada de expoentes da cena literária, artística e cultural, bem como promover a visibilidade dos protagonismos pautados na implementação das leis 10639-03 e 11645-08.
A ancestralidade, por meio de seus Griôs e Candaces, Helena Theodoro, Elê Semog, Carlos de Asumpção, Geni Guimarães, Lia Vieira, Miriam Alves e seus Curadores Alberto Rodrigues (FLISGO) e Elisabete Nascimento, está à frente da primeira edição do prêmio Escritas Pretas e do nascimento marcante desta importante academia literária. Suas fundações são como uma árvore frondosa, um Baobá, cujas sementes foram plantadas pelo suor de mãos e pés pretos e originários, cujos “passos vêm de longe”.
Serão 16 categorias divididas em duas modalidades: as Escrevivências – que contemplam as produções literárias; e os Aquilombamentos – que contemplam as movimentações literárias e suas diversidades. A estatueta, por inspiração na árvore Baobá, foi esculpida em madeira pelo artista plástico gonçalense Kleber Marques. Neste ano, a estatueta recebe o nome da Dra. Helena Theodoro, em reconhecimento ao protagonismo desta exímia escritora e acadêmica.
O Aquilombamento Brasileiro de Letras e Artes Pretas e Originárias, cuja estrutura é composta por seis Conselhos; aguarda o aceite da ilustre Conceição Evaristo, tendo em vista a sua inegável importância na produção literária preto brasileira, ainda mais, por ela ter sido rejeitada pela ABL. Por ser um projeto em construção, serão anunciadas apenas as cadeiras do território do Rio de Janeiro, contudo os curadores Alberto Rodrigues e a Dra. Elisabete Nascimento, afirmam que serão contemplados escritores, artistas, intelectuais de todo Brasil, de países africanos de língua portuguesa e afro diaspóricos.
“A premiação visa romper com a ideia de entronização de prestígio e privilégio das academias de letras eurocentradas. A academia surge da urgência em promover a visibilidade dos expoentes das letras pretas e originárias, de movimentar políticas públicas para a formação de leitores e escritores jovens, adultos e crianças, bem como contribuir para a visibilidade de novos talentos num diálogo contínuo entre os acadêmicos e a sociedade civil.” Explica Dra. Elisabete Nascimento (LaborAfro), curadora da academia e da premiação.
Vale destacar que um dos parceiros de práticas de aquilombamentos é o Museu do Amanhã, que no ano de 2017, foi ocupado por uma intensa programação dedicada a tornar visível as matrizes africanas. O Museu está localizado no Cais do Valongo, local laureado pela UNESCO com o título de Patrimônio da Humanidade. Este ano, em parceria com o FISGO/Festival Literário de São Gonçalo, o Museu do Amanhã abrigará três eventos:Vivências do Tempo – Matrizes africanas (dias 29 e 30/07); a primeira edição do Prêmio Escritas Pretas e a Cerimônia da ABLPretas e Originárias (31/07).