A primeira ministra negra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Edilene Lôbo, fez discurso antirracista na sua primeira sessão plenária da Corte nesta quinta-feira (28). “Esse lugar não é só meu”, disse a ministra, com dados que demonstram a desigualdade e o baixa participação de mulheres negras nos cargos judiciários e políticos.
“Esse lugar não é só meu, não é só de uma pessoa. Este lugar e esta missão são a um só tempo resultado e ponto de partida de lutas históricas de grupos minorizados para vencer a herança estrutural de desigualdade de oportunidades que precisa ser superada em nossa nação”, disse a ministra.
Em sua fala Edilene ressaltou a ausência de mulheres negras nos espaços políticos.
“Nós, negras, somos apenas 5% da magistratura nacional, havendo apenas uma senadora autodeclarada negra, portanto menos de 1% do Senado; 30 deputadas, o que corresponde a cerca de 6% da Câmara Federal. Mulheres negras ocupam 3% dos cargos de liderança no mundo corporativo, mas são 65% das empregadas domésticas”, afirmou a magistrada.
Ela foi nomeada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de ministra substituta do TSE, no dia 28 de junho, e se tornou a primeira mulher negra a ocupar este cargo. Edilene passou a ocupar o lugar do ministro André Ramos Tavares, que passou a ocupar cadeira de titular no TSE, desde o final de maio.
A ministra ainda no discurso agradeceu e relembrou suas origens em Minas Gerais.
“Quero agradecer a todas as pessoas que colaboraram nessa conjunção de energias, me lembrando das pequeninas meninas negras de minha infância, em Taiobeiras. É de lá que trago o sonho de que podemos mais. O povo pobre, que resiste há séculos e luta pelo resgate de sua história, esperançando, senta-se comigo nessa cadeira”, disse ela.
Edilene disse que acredita que o Brasil tem todas as condições de dar um passo a frente para mudar realidade de sub-representação feminina em cargos eletivos.
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