Ainda que mais da metade da força de trabalho no Brasil seja formada por pretos e pardos, o vencimento médio dos brancos foi quase 70% maior, em 2021. É o que revela uma pesquisa do IBGE divulgada nesta sexta-feira (11). A pesquisa mostra ainda que a proporção de pessoas pobres no país era de 18% entre os brancos e quase o dobro entre pretos (34,5%) e pardos (34,4%), em 2021. Os dados são do estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil e leva em consideração a linha de pobreza monetária proposta pelo Banco Mundial.
Na taxa de pobreza, o instituto considerou a linha de U$$ 5,50 diários (ou R$ 486 mensais per capita). Já com relação a extrema pobreza, a taxa foi de U$$ 1,90 diários (ou 168 mensais per capita), sendo 5% brancos contra 9% de pretos e 11% de pardos.
“As populações preta e parda representam 9,1% e 47% da população brasileira, respectivamente. Mas, nos indicadores que refletem melhores níveis de condições de vida, a participação dessas populações é mais baixa”, conta o analista do IBGE João Hallak em entrevista ao G1.
De acordo com o analista, em 2021 8,4% da população brasileira estava em extrema pobreza. Entretanto o percentual da população branca estava abaixo dessa média enquanto as populações pretas e pardas apresentavam proporções acima da média e dos brancos.
Taxas de desocupação, subocupação e informalidade também é maior entre negros e pardos
Segundo o levantamento, em 2021, a taxa de desocupação também era maior entre pretos e pardos. Sendo 16,5% entre pretos e 16,2% entre pardos, contra 11,3% da população branca. Os números refletem também na taxa de subocupação que era 22,5% entre os brancos enquanto era de 32% e 33,4% entre pretos e pardos respectivamente.
De acordo com Hallak, a taxa composta de subutilização considera, além da desocupação, a população subocupada por insuficiência de horas trabalhadas e quem estava na força de trabalho potencial.
“Entre os brancos, essa taxa era inferior às das populações preta e parda, e isso não muda conforme o nível de instrução. A distância varia um pouco, mas em todos os níveis de instrução a população branca tem uma taxa de subutilização inferior à da preta ou parda”, comentou.
Com relação a força de trabalho (soma de ocupados e desocupados), os brancos representavam 43,8%, os pretos eram 10,2% e os pardos 45%. No entanto, os percentuais de pretos e pardos são mais altos entre os desocupados com 12% e 52%. Já os brancos somavam 35,2%.
Para o analista, esse indicador mostra uma desvantagem dessas populações no mercado de trabalho, já que as proporções das populações preta ou parda entre os desocupados e subutilizados são maiores do que elas representam na força de trabalho.
Outro dado da pesquisa mostra que a informalidade também atinge mais pretos e pardos do que brancos. Em 2021, 43,4% de pretos e 47% de pardos viviam na informalidade, já entre brancos era de apenas 32,7%.
Rendimento
Com relação ao rendimento médio, os trabalhadores brancos ganharam R$ 3.099, enquanto pretos R$ 1.764 e pardos R$ 1.814. Por hora, o rendimento médio dos ocupados brancos era de R$ 19. Já para os pretos era de R$ 10,9 e para os pardos de R$ 11,3.
Somando o rendimento de todas as fonte, aposentadoria, trabalho e pensão a renda per capita da população branca (R$ 1.866) era quase o dobro da população preta (R$ 964) e parda (R$945). Segundo o IBGE essa diferença se mantém desde o início da série histórica em 2012.
Os rendimentos foram os mais baixos da série, com queda maior entre pretos (-8,9%) e pardos (-8,6%). Entre os brancos a redução foi de 6%.
Entre a população com ensino superior, parcela com maior rendimento, pessoas brancas ganharam em média 50% a mais que pessoas pretas e cerca de 40% a mais que pessoas pardas com o mesmo nível de escolaridade.
Ainda segundo o levantamento, apesar de mais da metade (53%) dos trabalhadores brasileiros, em 2021, serem pretos ou pardos, a soma desses dois grupos ocupava apenas 29,5% dos cargos gerenciais, já brancos ocupavam 69%.
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