O presidente Jair Bolsonaro pediu ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, que alterasse as citações no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) do termo “Golpe de 1964” por “revolução”. A solicitação faz parte da tentativa de Bolsonaro de deixar a prova com “a cara do governo”, desde 2019. O ENEM começa a ser aplicado amanhã (21), com a prova de linguagens, códigos e suas tecnologias, ciências humanas e suas tecnologias e a redação.
A denúncia foi feita pelo jornal Folha de São Paulo, onde integrantes do governo informaram que o presidente realizou o pedido no primeiro semestre. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), órgão responsável pelo ENEM dentro do Ministério da Educação (MEC), sofreu uma “debandada” nas últimas semanas; 37 servidores deixaram cargos de chefia devido à “fragilidade técnica e administrativa da atual gestão”.
O MEC minimiza as movimentações ao informar que essas mudanças não vão interferir nas provas e que as demissões teriam relação com pagamentos de gratificações, o que é negado pela equipe. Mais de 54 funcionários do INEP assinaram um documento para auxílio e ajuda aos demissionários, cobrando o MEC.
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Nesta edição do ENEM foram inscritos 3,1 milhões de estudantes, 2,6 milhões a menos em relação ao ano passado. A redução, quando feito o recorte racial, é mais drástica ainda: pessoas pretas (53,1% a menos) e indígenas (54,8% a menos). A diminuição dos candidatos brancos foi de 35,8%. O levantamento foi realizado pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp).