Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) apontam que 75% das mortes por causas evitáveis no Tocantins em 2025 atingiram a população negra. Conforme levantamento da Secretaria de Estado da Saúde (SES), do total de 5.405 óbitos que poderiam ter sido prevenidos, 4.047 foram de pessoas pretas ou pardas. O estado tem 73% de habitantes que se autodeclaram negros, segundo o IBGE, grupo que enfrenta barreiras letais no acesso a diagnósticos, assistência médica e prevenção.
Os números alarmantes, divulgados durante o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra, em 27 de outubro, reforçam um problema histórico de desigualdades raciais no setor de saúde. No ano anterior, a situação já era crítica: 5.170 das 6.893 mortes evitáveis registradas foram de cidadãos negros.
Em nota ao AFNews, o secretário de Estado da Saúde, Vânio Rodrigues, enfatizou: “Hoje, mais do que nunca, é essencial reconhecer que o racismo institucional contribui para as iniquidades em saúde. Garantir a implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra no Tocantins é fundamental para assegurar um SUS digno, equânime e sem discriminação”.

A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), criada em 2009, reconhece o racismo como um determinante social da saúde. A enfermeira Liana Barcelar, doutora em Saúde Pública e integrante do Comitê de Prevenção de Óbito Materno, Fetal e Infantil do Tocantins (CEPOMFI/TO), alertou para a falta de conhecimento sobre a política.
“Mais de uma década após a criação da PNSIPN, ainda há desconhecimento sobre sua importância. É urgente reforçá-la, pois a população negra segue sendo a mais afetada por mortes precoces e evitáveis, além de enfrentar menor expectativa e qualidade de vida”, declarou.
Para combater o problema, o coordenador do Programa Diversidade na Saúde, Francisco de Assis Neves Neto, afirmou que o estado tem promovido formações com trabalhadores do SUS para desconstruir práticas racistas, tanto no atendimento ao público quanto nas relações internas.
Como parte das ações da campanha “Saúde sem Racismo”, a SES-TO realizará nos dias 6 e 7 de novembro o I Seminário Estadual Políticas Públicas de Saúde e a População Negra. O evento, que contará com a presença de gestores, profissionais e estudantes, acontecerá no auditório do Tribunal de Contas do Estado, em Palmas, e é uma iniciativa conjunta com o Ministério da Saúde e outras instituições.
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