Dobra o número de mortes por ações policiais em SP; negros são maiores vítimas

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Segundo o relatório do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em todo o Brasil, 99,2% das vítimas fatais em ações policiais são homens negros. Os dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de segurança Pública, apontam também que a nivel nacional, a chance de um homem negro ser morto por intervensões policiais é 3,5 vezes maior que um homem branco.

No cenário paulista, os policiais militares em serviço são responsáveis por 83% das mortes no Estado entre os anos de 2023 e 2024. De acordo com dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), São Paulo lidera o ranking de aumento de mortes por intervenção policial em todo o território nacional.

São Paulo dobra o numero de mortes por ação policial – Foto: oto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Em comparação com os dados de 2023, o número de mortes causadas por policiais militares em serviço quase dobrou, visto que foram registradas 694 mortes em 2024, contra 353 no ano anterior. As ocorrências por parte de agentes de folga também apresentaram aumento, registrando 126 mortes no ano passado, 22 vítimas a mais em relação ao ano de 2023.

A Polícia Civil do estado, por sua vez, registrou queda no número de mortes nos dois quesitos: agentes de folga e agentes em serviço. No entanto, somando-se aos dados da PM, a escalada de mortes chega a 60% no período analisado pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira(24).

Já quando se fala em aumento da margem de letalidade, o estado de Minas Gerais aparece em segundo lugar, onde as mortes causadas por agentes em serviço chegaram a 192 em 2024, 64 óbitos a mas na comparação com 2023 que registrou 128 ocorrências fatais.

Durante a gestão do Governador estadual Tarcísio de Freitas (Republicanos), cresceram os relatos e denúncias de abuso policial e mortes de pessoas inocentes por parte de agentes da corporação. O caso mais recente, é do jovem negro Guilerme dias Santos Ferreira, que saía do trabalho e foi baleado na cabeça “por engano”, pelo policial Fabio Pereira Almeida, que estava de folga no momento da ocorrência.

Outro caso que ganhou forte repercussão foi o do policial militar que arremessou um homem de uma ponte em dezembro do ano passado, na zona sul da capital paulista, a ação foi registrada por câmeras de segurança.

Em paralelo a isso, reverbera uma fala do atual secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Mauro Derrite, onde ele classifica como vergonhoso, policiais que não acumulam homicídios na carreira. “Porque o camarada trabalhar cinco anos na rua e não ter três ocorrências , na minha opinião, é vergonhoso, né?”, disse Derrite em áudio vazado.

Na época, o secretário chegou a ser detido pela corregedoria, porém, o caso foi arquivado pela Justiça Militar. No geral, a corporação paulista fica atrás somente da PM da Bahia, que somou 1.946 mortes em ações policiais no ano de 2024 e apesar de os índices ainda estarem altos, apresenta declínio em relação a 2023.

Leia também: Mortes decorrentes de intervenção policial em SP: em 62% dos casos, vítimas são negras, diz estudo


Erick Braga

Erick Braga

Formado em jornalismo no ano de 2023 pela Universidade São Judas Tadeu,criado no interior da Bahia e residindo desde 2012 em São Paulo, acredita no jornalismo profissional como ferramenta de transformação social e combate a desinformação.

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