Para se alimentar e manter as contas de casa em dia, as pessoas mais pobres do Brasil, das classes C, D e E recorreram a empréstimos nos últimos meses. É o que revela um estudo do Instituto Plano CDE. Segundo o levantamento, quando questionados porque pegariam ou pegaram um empréstimo, de 45% a 50% indicaram que as maiores dificuldades foram as contas do mês e alimentação.
Porém, quando se trata das classes A e B, esses números caem para 30% e quando são consideradas todas as classes, 42% dos entrevistados afirmam ter alguma dívida em atraso. “Salta aos olhos essa questão da necessidade dos empréstimos para comprar comida, indicando a situação grave que uma série de famílias enfrenta atualmente”, afirma o documento.
Outro dado que aponta risco para os mais pobres é o empréstimo consignado sobre o Auxílio Brasil, programa de transferência de renda do governo Federal. Ainda de acordo com a pesquisa, o consignado oferecerá um “desserviço” para os beneficiários, uma vez que “o consignado do Auxílio Brasil só vai fazer com que as famílias se enrolem ainda mais”.
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Um novo nicho de mercado, os bancos digitais foram procurados por 28% dos entrevistados das classes C, 26% das classes AB e CE. O que levou a esse fenômeno, de acordo com o estudo, são as melhores experiências em utilizar os serviços, diferente de bancos tradicionais e grandes instituições financeiras.
Empreendedorismo
Enquanto os mais pobres recorrem a empréstimos para comer ou pagar contas básicas do dia a dia, os entrevistados das classes A e B procuram empréstimos para investimento. 46% dos consultados relataram que tomaram empréstimo para investir ou montar um negócio próprio. Além disso, para 34% das pessoas dentro das classes A e B reforma ou financiamento de imóveis e financiamento de veículos foram os motivos para tomada de empréstimos.
Para definir as classes D e E foram consideradas renda familiar de até R$ 2.000. Na C vai de R$ 2.000 a R$ 6.000. As classes AB são aquelas em que a renda do lar está acima de R$ 6.000 por mês. O estudo do Plano CDE tem abrangência nacional. Entrevistou 2.370 pessoas maiores de 18 anos de todas as classes sociais, dos dias 26 de julho a 9 de agosto de 2022.
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