A Phycolabs, empresa criada pela pesquisadora paraibana Thamires Pontes, estabelecida em 2022, tem a missão de criar tecidos a partir de algas marinhas e “reduzir a pegada de carbono na moda”, segundo palavras dela. Considerando o futuro da moda sustentável, ela lançou uma Startup que converte algas marinhas em fios para confecção. Sua busca visa a implementação da tecnologia em larga escala, com foco na redução do impacto ecológico.
A pesquisa teve início durante seu mestrado em Têxtil e Moda, na Universidade de São Paulo (USP), em 2016. Neste período, Thamires identificou o vasto potencial das algas como fonte de matéria-prima têxtil. “Foi um período de autodescoberta. Apesar da minha ampla experiência de uma década na indústria têxtil, que envolveu importação de tecidos, pesquisa de tendências e exploração de novos materiais, percebi que o caminho tradicional da moda já não me trazia realização”, pontuou a pesquisadora.

A pesquisadora afirma que as algas marinhas são os organismos que mais crescem no planeta. Ela enfatizou também, que as espécies utilizadas não precisam de terras agrícolas, água doce para irrigação ou pesticidas, além de ajudar na absorção de gases de efeito estufa.
“As algas são cultivadas de forma renovável, não exigem grandes áreas de terra, uso intensivo de água doce ou produtos químicos. Elas absorvem CO2, reduzindo a pegada de carbono e melhorando a qualidade da água, além de promoverem a saúde dos ecossistemas marinhos”, explicou ela.
Recentemente, o projeto tem sido destacado e premiado em diversas ocasiões. Em 2023, ganhou o Global Change Award, promovido pela Fundação Hennes & Mauritz (H&M), reconhecendo inovações separatórias na moda. Em 2024, recebeu o prêmio Unlock Her Future, da The Bicester Collection, na Grã-Bretanha, além do Glamour Generation Awards, concedido pela revista Glamour Brasil, na categoria Mulheres na Ciência.
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“Eles representam um marco na minha trajetória, após anos de dedicação à interseção entre ciência, biotecnologia e moda sustentável. Essas conquistas destacam a relevância da pesquisa científica no Brasil, especialmente as que são lideradas por mulheres, e inspiram as próximas gerações a romper barreiras e transformar a indústria”, afirmou Thamires.
Após a pandemia, Thamires mencionou a necessidade urgente de progredir na aplicação comercial do fio. No momento, ela está finalizando a sua confecção para a indústria e se preparando para o lançamento do primeiro lote piloto. Conforme a pesquisadora, a Startup já estabeleceu colaborações com grandes marcas que irão experimentar os tecidos em seus produtos. “Essa etapa será crucial para definir nossa escalabilidade e aprimorar nossos processos”, ressaltou ela.
A pesquisadora também acredita na importância social do projeto, onde a inovação poderá beneficiar comunidades costeiras, estimular práticas de regeneração e promover inclusão socioeconômica. As algas utilizadas na fabricação são cultivadas por colaboradores da empresa nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. Após a aquisição, elas passam por um processamento e formulação exclusivos da Startup, até serem convertidas em fios.
“Meu objetivo é que as fibras à base de algas se tornem uma alternativa viável e acessível aos materiais têxteis convencionais, sem comprometer a biodiversidade, ajudando a reduzir o uso de recursos escassos”, afirmou a pesquisadora Thamires Pontes.
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