Uma academia pode ser um local com mais bactérias do que um banheiro. É o que revela um estudo realizado pelo site americano FitRated em parceria com o laboratório EmLab P&K. A pesquisa analisou 27 equipamentos em três grandes redes de academias, incluindo esteiras, bicicletas ergométricas e pesos livres, e encontrou mais de um milhão de germes por polegada quadrada em cada aparelho.
Os resultados mostraram que os pesos livres concentraram 362 vezes mais bactérias do que um assento de privada. As esteiras apresentaram 74 vezes mais germes do que superfícies comuns, e as bicicletas ergométricas, 39 vezes mais. Entre os microrganismos identificados estavam cocci gram-positivos, bacilos gram-negativos e Bacillus, capazes de causar infecções de pele, respiratórias e gastrointestinais.

O estudo foi publicado na revista científica Journal of Human Environment and Health Promotion e contou com 120 avaliações realizadas entre outubro e dezembro de 2023. Foram aplicados testes de proteína e análises por fluorescência, que identificaram a alta concentração de partículas e sujeira nos equipamentos. Segundo os pesquisadores, o objetivo não é provocar medo ou afastar alunos das academias, mas alertar sobre os riscos em ambientes de uso coletivo.
Pesquisas brasileiras já haviam apontado o mesmo problema. Na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), pesquisadores identificaram a barra de agachamento, o haltere de 8 kg, a máquina de hack squat e o leg press como os aparelhos mais contaminados. Foram encontradas bactérias como salmonela e klebsiella, associadas a intoxicações alimentares e pneumonia, além de microrganismos que vivem no trato gastrointestinal humano.
Especialistas alertam que a higienização dos aparelhos é fundamental. A recomendação é limpar os equipamentos antes e depois do uso, evitar andar descalço, não levar as mãos ao rosto durante o treino, lavar bem as mãos e trocar de roupa imediatamente após a atividade. Levar toalhas próprias para cobrir os bancos também ajuda a reduzir riscos.
Segundo André Luiz Alvim, professor da Faculdade de Enfermagem da UFJF, academias devem fornecer álcool 70%, água, sabão e papel toalha para garantir boas práticas de higiene. Para ele, a prática de exercícios é essencial para a saúde, mas os cuidados básicos são indispensáveis para evitar a transmissão de microrganismos.