Uma rede criminosa, nomeada “psicose”, que se dedica à fabricação e à comercialização em grande escala de cogumelos alucinógenos, que contêm psilocibina, passou a ser investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), nesta quinta-feira (4). O principal intuito dessa operação é desmantelar a rede criminosa, que possui bases em outros Estados do Brasil, segundo dados adquiridos na investigação. O grupo está sob investigação por crimes ambientais, violações à saúde pública e lavagem de dinheiro.
A operação recebeu colaboração do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), da Receita Federal e dos Correios, além de empregar técnicas investigativas especializadas. Foram executados 19 mandados de busca e apreensão, e 9 ordens de prisão, além do congelamento de contas bancárias e bens financeiros ligados aos suspeitos. Também houveram as suspensões de websites e contas em redes sociais utilizadas pela organização.

Durante as ações, foram descobertos locais com cultivo em larga escala. Equipamentos e veículos foram apreendidos, após serem identificadas conexões ilegais com agentes públicos que facilitaram as atividades criminosas. As investigações mostraram que a organização operava não apenas no Distrito Federal (DF), mas também nos Estados do Paraná (PR) e Santa Catarina (SC), produzindo psilocibina em quantidade significativa, para abastecimento de consumidores e traficantes, em várias partes do Brasil.
O material era enviado pelos Correios e empresas de logística, seguindo um esquema semelhante ao ‘dropshipping‘, no qual pedidos feitos a uma loja eram enviados por outra, dificultando a fiscalização e o rastreamento. Foram detectadas 3.718 remessas, totalizando cerca de 1,5 tonelada desse material distribuídos por várias regiões do país.
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A investigação policial também expôs que a rede utilizava empresas de fachada registradas no setor alimentício para mascarar a origem ilícita dos seus lucros. A “Operação Psicose”, promovida pela Coordenação de Repressão às Drogas, contou com o suporte da Polícia Civil de diferentes Estados, com agentes atuando de Minas Gerais (MG), Pará (PA), Paraná (PR), Rio Grande do Sul (RS), Santa Catarina (SC), São Paulo (SP) e Espírito Santo (ES).
A organização criminosa utilizava táticas que envolviam extensas campanhas de marketing corporativo. A identidade visual, criada pelo grupo, era meticulosamente projetada para atrair o público jovem. Notou-se o uso de cores vibrantes, símbolos estilizados e um design contemporâneo, construindo uma imagem de modernidade e descontração. Além disso, o grupo investia em patrocínios de feiras e festivais de música eletrônica, ambientes propícios para o contato direto com potenciais clientes
Tabelas de preços foram encontradas, com valores que variavam de R$ 84,99 por três gramas, à R$ 9,2 mil por um quilograma da substância. Com base nas investigações realizadas, os indivíduos poderão ser acusados de tráfico de drogas qualificado, lavagem de dinheiro, formação de associação criminosa, crimes ambientais, crimes contra a saúde pública, publicidade enganosa e curandeirismo. As sanções à serem impostas aos líderes da organização podem chegar a 53 anos de prisão.
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