O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, criticou empresas, universidades e escritórios de advocacia que fizeram acordos com o governo Donald Trump, afirmando que faltou coragem institucional para manter princípios e independência. A declaração foi feita em uma entrevista ao comediante Marc Maron, no último episódio do podcast norte-americano WTF With Marc Maron, publicada originalmente pelo jornal britânico The Guardian, nesta segunda-feira (10).
Obama criticou empresas que cederam às pressões da Casa Branca para reduzir programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI). Ele defendeu a importância de preservar a pluralidade nos ambientes de trabalho. “Achamos importante, devido ao que este país é, contratar pessoas de diferentes origens”, destacou.
Durante o governo Trump, diversas instituições aceitaram acordos que envolviam o abandono de metas de diversidade e o compromisso de combater o antissemitismo nos campi em troca da manutenção de recursos públicos. A Disney, por exemplo, substituiu seu programa de “Diversidade, Equidade e Inclusão” por uma política de “Oportunidade e Inclusão”.

“Todos nós temos essa capacidade de tomar uma posição”, afirmou Obama, ao comentar que diversas instituições mudaram de rumo durante o governo Trump para preservar contratos e financiamentos federais. Segundo o ex-presidente, o correto seria assumir as consequências de uma posição firme. “As universidades poderiam ter dito: isso vai doer se perdermos subsídios, mas não vamos comprometer nossa independência acadêmica”, disse.
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Em outro trecho da entrevista, Obama refletiu sobre o custo da integridade e a importância da autocrítica dentro do campo progressista. “Às vezes, vai ser desconfortável”, disse. “Havia uma linguagem progressista que implicava uma superioridade moral, um certo fundamentalismo perigoso.”
O episódio marcou o encerramento do podcast de Marc Maron, que após 16 anos e mais de 1.600 episódios, entrevistou Obama em seu escritório em Washington. O ex-presidente encerrou a conversa com uma mensagem sobre responsabilidade moral: “Defender convicções fundamentais exige coragem e disposição para pagar o preço da coerência.”