A atriz Taís Araújo, que está em cartaz com o filme Medida Provisória, primeiro longa dirigido por Lázaro Ramos, concedeu uma entrevista à revista Veja Rio, publicada nesta sexta-feira (20) e falou sobre sua carreira, família, casamento, racismo e a atual situação do Brasil.
Ao ser perguntada se já sofreu ameaças por sua posição política, ela fala que sim e não tem lógica ser uma artista e não olhar para o país em que vive. “Quando me manifesto, não estou falando por mim, até porque minha vida é muito boa. Estou olhando para o Brasil, para um botijão de gás que hoje custa 10% do valor do salário mínimo. Não faz sentido ser uma artista que não olhe para o país em que vivemos. Eu estou aqui para entreter e para fazer rir, sim, mas também para provocar reflexão”. Taís continuou o bate papo ao falar sobre as eleições de 2022. “Um novo presidente. Brasil, não me decepcione”, disse a atriz.
Para ela, ocorreu um avanço na dramaturgia e no mercado em relação a personagens e atores negro, mas não o necessário e se envergonha ao ver pesquisas públicas que perguntam se pessoas negras querem ou não ver seus semelhantes na TV. “É óbvio que queremos nos ver, que não dá para fazer uma novela na Bahia cheia de gente branca. A demanda existe, é mundial, e quem não atendê-la vai perder público, dinheiro e espaço”, afirma.
“Não sou a mais talentosa, nem a mais bonita” diz Taís Araújo
De acordo com Taís Araújo, no tempo em que está na emissora Globo, viu muitas coisas melhorar. “Só de Globo, eu tenho 25 anos e vi muita coisa mudar para melhor. Porém, tive muito mais oportunidades do que outras atrizes negras. Não sou a mais talentosa, nem a mais bonita. Só me tornei a atriz que sou hoje porque eu pude exercitar, tive chances, possibilidades e ganhei bagagem”, revela.
Ela contou ainda que há pouco tempo esteve de frente a uma situação de racismo e não é por ser uma atriz de sucesso que não vai acontecer. “Ninguém está livre, basta estar com a guarda um pouco mais baixa. Se alguém te pega num momento frágil, quando você percebe já está enredada, chorando e tremendo toda”. Segundo ela, é necessário ter limites e estar em alerta.
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“Devemos estar sempre alertas para botar limite, seja em quem for. Ninguém pode atravessar você e seu corpo. As pessoas sempre falam: mas tudo é racismo, tudo é machismo? Sim. Porque o Brasil foi construído sobre esses dois pilares. A partir desse entendimento, podemos conversar e começar a desconstruir as coisas. É um exercício”, finaliza.
Taís Araújo, está em cartaz nos cinemas com o filme Medida Provisória, que já foi assistido por mais de 400 mil pessoas em um mês de exibição. Além disso, ela será uma das protagonistas de “Cara e Coragem”, novela das sete da TV Globo que estreia no dia 30.