Mundo registra 11º mês seguido de temperaturas recordes, aponta agência da ONU

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Por Agência ONU News

Abril de 2024 foi o mais quente já registrado e o 11º mês consecutivo de temperaturas globais recordes, segundo dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência especializada das Nações Unidas (ONU), divulgados nesta semana.

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O último mês ficou 0,14°C acima do máximo anterior estabelecido em abril de 2016, de acordo com o conjunto de dados ERA5 do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus.

Brasil registrou recordes de temperatura em 2023 /Foto: Agência Brasil

El Niño e atividades humanas

As temperaturas da superfície do mar registaram níveis recordes nos últimos 13 meses. De acordo com a OMM, condições meteorológicas extremas causaram muitas vítimas e perturbações socioeconômicas.

A agência destaca que a duração extraordinária das temperaturas recorde é alimentada pelo evento natural El Niño e pela energia adicional retida na atmosfera e no oceano pelos gases de efeito de estufa, provenientes das atividades humanas. 

Eventos climáticos de alto impacto

As temperaturas recordes foram acompanhadas por eventos climáticos de alto impacto, incluindo as fortes chuvas persistentes na África Oriental e no sul do Brasil, que pioraram na primeira semana de maio, levando a inundações arrasadoras e mortais. 

O Afeganistão também sofreu cheias fatais em meados de maio, que mataram pelo menos 300 pessoas e causaram destruição generalizada de casas e infraestruturas. Além disso, foi registrado calor intenso em muitas partes da Ásia, seca no sul da África e chuvas extremas na Península Arábica.

O especialista em clima da OMM, Álvaro Silva, disse que “o elevado número de eventos meteorológicos e climáticos extremos, incluindo recordes em temperaturas diárias e mensais e volume de chuvas, é mais provável em um mundo mais quente”.

Calor extremo

De acordo com ele, a temperatura da superfície do mar em várias bacias oceânicas, incluindo na faixa tropical, continua a ser recorde, “liberando mais calor e humidade para a atmosfera e, assim, agravando as condições”.

O El Niño no Pacífico equatorial oriental continuou a enfraquecer rumo a condições neutras, mas as temperaturas do ar marinho em geral permaneceram a um nível muito elevado. 

As temperaturas estiveram acima da média no norte e nordeste da América do Norte, na Groenlândia, no leste da Ásia, no noroeste do Oriente Médio, em partes da América do Sul e na maior parte de África.

Grandes regiões da Ásia, incluindo Israel, Líbano, Síria, Bangladesh, Tailândia, Vietname e Filipinas, registaram temperaturas bem acima dos 40°C durante muitos dias. O calor foi particularmente difícil para as pessoas que viviam em campos de refugiados e habitações informais, bem como para os trabalhadores ao ar livre.

Mortes subnotificadas

Embora o número de mortos seja frequentemente subnotificado, centenas de fatalidades foram registradas na maioria dos países afetados. O calor também teve um grande impacto na agricultura, causando danos às colheitas e redução dos rendimentos, bem como na educação, com o prolongamento das férias e o encerramento de escolas em vários países, afetando milhões de estudantes. 

Um novo estudo da World Weather Attribution disse que as mudanças climáticas tornaram mais extremas as ondas de calor mortais que atingiram milhões de pessoas altamente vulneráveis.

Desequilíbrios ao redor do mundo

As condições foram mais húmidas do que a média no centro, leste e sul da América do Norte, na Ásia Central, nos países do Golfo Pérsico, no extremo leste da Ásia, no leste da Austrália e no sul do Brasil. As fortes chuvas muitas vezes causaram inundações. 

A extensão da cobertura de neve no Hemisfério Norte em abril foi a menor já registrada. Tanto a Eurásia como a América do Norte ficaram abaixo da média, enquanto partes do leste da Rússia e da China ficaram acima da média. 

A OMM utiliza seis conjuntos de dados reconhecidos internacionalmente para as suas atividades de monitoração do clima e relatórios sobre o estado do clima global. 

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