Mulher é resgatada em SP após ficar 40 anos mantida em situação análoga à escravidão

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Uma mulher de 51 anos que vivia por 40 anos em situação análoga à escravidão na cidade de Santa Rosa de Viterbo (SP), na Região Metropolitana de Ribeirão Preto, foi resgatada na última terça-feira (13). A operação de resgate foi feita pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Polícia Rodoviária Federal (PRF).

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Segundo o MPT, a vítima foi adotada por um casal quando tinha apenas 11 anos, em um orfanato da cidade, e desde então foi colocada para exercer atividades domésticas, como limpar a casa, as roupas e cozinhar se pagamento e direitos. Apenas recebia roupas e um valor para comprar balas, segundo os auditores.

Mulher fazia afazeres domésticos sem remuneração desde os 11 anos /Foto: Divulgação MPT

Histórias como essa não são incomuns no Brasil. Só em 2023, o Ministério do Trabalho e Emprego resgatou 3.190 trabalhadores do trabalho análogo à escravidão no Brasil, o maior número de resgates dos últimos 14 anos, segundo a pasta.

Após o resgate a mulher, que não teve a identidade revelada, apontou em depoimento que trabalhava praticamente todos os dias da semana. Começava às 7h e só terminava às 21h, de segunda a sábado, e no domingo fazia algumas tarefas na casa. Nunca tirou férias, e trabalhava em feriados como natal, ano novo e carnaval.

Apesar do aparente vínculo parental, a trabalhadora claramente é explorada pela família como uma empregada há cerca de 40 anos, sem a formalização de contrato de trabalho. Ela não sai de casa, não tem direito a descanso, trabalho em jornada excessiva e vive de forma precária. Trata-se de um caso grave de violação de direitos humanos”, afirma a procurador Regina Duarte da Silva.

Além disso, sem um quarto próprio, a mulher dorme em um colchão inflável no chão, ao lado da cama do casal, sendo o homem idoso, e a vítima precisando também, cuidar dele.

Com o resgate, os órgãos responsáveis estão acompanhando a vítima que terá acesso a seguro-desemprego, além de verbas salariais e rescisórias das quais tem direito. O MPT também vai se reunir com os empregadores para determinar o valor da indenização por danos morais.

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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