MPSP analisa denúncia de racismo feita contra prefeito de Sorocaba (SP) por vídeo publicado em redes sociais

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O prefeito conta com mais de 2,6 milhões de seguidores no TikTok. Foto: Reprodução da internet.

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) está analisando uma denúncia de racismo contra o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), feita por organizações do movimento negro da cidade. A denúncia foi feita por conta de um vídeo que o prefeito publicou nas redes sócias, usando jovens negros para representar homens detidos durante uma abordagem da Guarda Civil Municipal (GCM).

Em nota, o MPSP declarou que o caso está na Promotoria Cível de Sorocaba, e “o procedimento encontra-se concluso ao promotor, Orlando bastos Filho, para análise“. Já na esfera criminal, o MPSP afirma que o caso tramita em segredo de justiça.

O prefeito tem mais de 2,6 milhões de seguidores no Tiktok /Foto: Reprodução da internet.

Segundo o coletivo autor da denúncia feita ao MPSP, a gravação feita para anunciar a compra de viaturas do programa Proteger Mulher tem “acúmulo de estética negra” e “reforça estereótipos” ao colocar homens negros e periféricos para encenar supostos agressores de mulheres.

O cenário criado em torno do vídeo das entregas das novas viaturas do programa Proteger Mulher, apresenta violências diversas e em vários níveis. Ele interseciona raça, gênero e classe social, quando supõe através das imagens que meninos negros e periféricos são, a princípio, responsáveis pelas violências sofridas pelas mulheres. O vídeo tem um cunho racista porque além de reforçar a violência e a repressão policial, também faz a manutenção do estereótipo da delinquência em torno dos jovens negros, motivo ao qual apresentamos essa denúncia”, afirmaram os coletivos através do documento enviado ao MPSP, segundo o jornal O Globo.

O conteúdo ainda está disponível no perfil do prefeito, que conta com mais de 2,6 milhões de seguidores no Tiktok.

Os coletivos defendem que no vídeo, a utilização de cores e vestuários comuns entre pessoas periféricas, em um jogo de cenas que se aproveita do imaginário da sociedade sobre esse público para perpetuar estigmas e preconceitos e por isso, as entidades reivindicam que o vídeo, com mais de 8,5 milhões de visualizações, seja retirado do ar.

É um vídeo com muitas camadas de violência e ainda foi feito com dinheiro público. O prefeito ficou conhecido por fazer esses vídeos “engraçados”, mas se sua piada reforça estereótipos historicamente alijados, estimula a violência e mata, deixa de ser piada. A ideia da denúncia ao MP é tirar o vídeo do ar, que a prefeitura seja notificada e, na medida do possível, sofra as sanções pelo crime de racismo”, afirma, Maria Tereza Ferreira, secretária-geral da União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro), uma das 15 instituições que protocolaram o documento ao MPSP, em entrevista ao jornal O Globo.

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Rafael Rabello

Rafael Rabello

Natural de Salvador (BA) é estudante de Jornalismo pela faculdade Estácio de Sá. É um escritor baiano apaixonado por literatura e pela cultura. Acredita no poder da educação e comunicação para modar o furuto da sua geração.

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