Moradores da comunidade do Jacarezinho, Zona Norte do Rio de Janeiro, relatam terem suas casas invadidas e roubadas por policiais do Programa Cidade Integrada. Imagens de seguranças feitas por uma moradora, e exibidas no último domingo (1) pelo Fantástico, mostram os agentes quebrando a câmera de vigilância após perceberem a filmagem.
A carioca decidiu instalar as câmeras escondidas após 3 meses sendo furtada pelos policiais. Em depoimento ao Ministério Público (MP) e veiculados pela TV Globo, ela informou que recebeu o seguinte aviso: “os policiais começaram a ‘mandar recado’, dizendo que era pra não retornar pra casa porque eles precisavam de um lugar pra ficar durante o serviço”.
Uma pesquisa em andamento, feita pelo Observatório da Cidade Integrada (OCI), mostrou que de 134 pessoas ouvidas, 61 já tiveram a casa ou a moradia de um parente violadas, sem mandado judicial. Outras 29 pessoas têm certeza da violação na casa de um vizinho. Joel Luiz Costa, advogado, morador do Jacarezinho e coordenador do OCI, afirma a não existência de uma base para os PMs do Programa Cidade Integrada na comunidade.
Além disso, segundo moradores que não tiveram suas identificações reveladas, para os policiais, todas as casas consideradas “bonitas” é ponto de tráfico. “Qualquer casa bonita, para eles, é casa de traficante ou casa de bandido. As pessoas trabalhadoras não podem ter uma casa legal, com piso, janela, tem que ser casa com tijolinho a vida inteira, demonstrando a pobreza. A gente sabe que a pobreza não vai acabar, mas na favela a gente busca a dignidade o tempo todo”, informa o morador.
A lista de itens levados pelos agentes é extensa e possui eletrodomésticos, TV, perfumes e bijuterias, interruptores, chuveiro, quadro de energia e fogão. De acordo com Defensores Públicos, com o início do Programa Cidade Integrada houve uma série de denúncias de invasão de domicílio, agressões, truculência na abordagem, ameaças, e subtração de pertences das pessoas.
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Em nota enviada à TV Globo, a assessoria do Programa Cidade Integrada informou que os agentes usam as bases da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Jacarezinho e de Manguinhos. A nota diz também que foi realizada a abertura de um posto da Corregedoria Geral da Polícia Militar, que recebeu mais de 30 denúncias de moradores, e foi aberto um procedimento apuratório e todos os policiais militares envolvidos na suposta invasão de domicílio já foram identificados e ouvidos.
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