Militarização de escola em Florianópolis gera onda de ameaças e agressões a docentes

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Professores da Escola de Ensino Básico De Muquém, em Florianópolis, têm sido alvo de uma campanha de intimidação e violência por parte de um grupo de pais ligado à extrema direita. Os ataques estão associados à resistência dos docentes ao projeto de militarização da unidade escolar, segundo apuração do ICL Notícias.

A orientadora educacional Juliana Andozio sofre perseguição constante, que se intensificou após ela ter acolhido uma aluna transgênero em 2023. A situação rendeu boletins de ocorrência e ações judiciais. O vereador João Paulo Ferreira (PL-SC), conhecido como Bericó, foi condenado a prestar serviços comunitários por incitar ataques contra a professora em suas redes sociais.

Já o professor de Artes Andrei Dorneles foi vítima de agressão física, tendo sido espancado com socos e chutes por um pai de aluno nas proximidades da escola. Ele relata que, após o episódio, precisou se afastar da unidade por medo. “Hoje eu não consigo, eu não me vejo apto emocionalmente para voltar à sala de aula”, disse Andrei em entrevista ao ICL. Para lidar com a ansiedade e as crises de pânico, ele recorre a medicamentos e acompanhamento psicológico.

De acordo com apuração do ICL, a perseguição é organizada em grupos de aplicativo, como o “Pais Conservadores de Floripa”, que replicam discursos de autoridades e disseminam acusações falsas contra os educadores. Juliana mantém um arquivo digital com 43 pastas contendo registros de ameaças recebidas desde o ano passado na escola.

Professores da Escola de Ensino Básico De Muquém, em Florianópolis, têm sido alvo de uma campanha de intimidação e violência – Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil.

Os professores afirmam que a agressão sofrida por Andrei representa uma escalada da violência que já vinha sendo observada. “A doutrinação das crianças para a militarização é um projeto deles, eles não vão desistir”, afirmou Juliana. Ambos denunciam a falta de suporte efetivo da Secretaria de Educação do Estado.

Em nota, a Secretaria informou que lançará um projeto de combate à violência contra professores, previsto para outubro, com ações de sensibilização e acolhimento. Enquanto isso, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte-SC) alerta para uma “epidemia de violência” na categoria e criou um canal sigiloso para denúncias. Dados de uma pesquisa de 2024 citada pela reportagem indicam que transtornos de saúde mental são a principal causa de afastamento entre docentes, atingindo 62% dos casos.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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