Nascida e criada na periferia de São Paulo, Ana Carolina Valentim, Gerente de Marketing Global de Seda na Unilever, foi a primeira da sua família a cursar uma universidade pública. A história de vida de Ana é um exemplo de como a educação aliada com boas oportunidades transforma vidas.
Além de ser uma liderança em seu trabalho, Ana também está à frente da agenda de diversidade na empresa, como o grupo de afinidade Afrolever e a Escola de Marketing Antirracista na Unilever. Em entrevista exclusiva ao Notícia Preta, Ana destacou sua missão como uma mulher negra nessa posição de destaque.
“Meu propósito é quebrar as barreiras que dizem existir, e celebrar cada conquista. Uma das minhas missões é questionar: ‘porque tem que ser assim?`E usando esse papel de influência, de liderança global, tenho consciência do alto impacto do meu papel no que vai para a população”, explica a executiva.
Formada em relações públicas pela Universidade de São Paulo (USP), com MBAs em gestão empresarial pela UNIP e negócios digitais também pela USP, Ana iniciou sua carreira na Unilever em 2018, depois de passar por outras grandes empresas.Já são mais de 15 anos de experiência na área de comunicação corporativa, marketing e digital.
Mas é na Unilever que a profissional acredita estar construindo movimentos de impacto, como a Escola de Marketing Antiracista (EMA).
“Eu sempre acreditei no impacto e história que venho fazendo em todos os movimentos da minha vida, mas eu acho que esse momento especificamente, é uma história grande de você olhar e dizer ‘cara, muito legal o que a gente está construindo, para além da Unilever! É um impacto real e grande na sociedade’”, pontua a profissional sobre a Escola de Marketing Antirracista (EMA), que surgiu na Unilever em 2024.
Antes da EMA nascer, foi o grupo de afinidade para colaboradores, o Afrolever, que surgiu em 2019, que reverberou as iniciativas pela diversidade no ambiente corporativo que surgiram na empresa desde então. Para Ana, o grupo teve um papel importante em sua trajetória no mundo corporativo.
“A conexão com as pessoas, de me tirar desse lugar de ser a única, que muitas vezes é pesado, e compartilhar e trocar bastante. Nos momentos que foram mais tensos para mim, o grupo me ajudou bastante”, explica a Gerente sobre o grupo que está presente para além do escritório em São Paulo, e que tem três pilares: aquilombamento, desenvolvimento e comunicação.
Ana Valentim reflete sobre sua trajetória educacional que começou nos bancos de escolas públicas e também em escolas particulares onde estudou com bolsas.
“Em toda a minha trajetória eu era uma das poucas pessoas negras usufruindo daquele serviço, e no mercado de trabalho não foi diferente. As coisas estão mudando, mas eu via poucas pessoas parecidas comigo. Junto com a solidão, também existia a sensação de que eu não poderia descansar”, conta Ana, que entende a responsabilidade que possui, mas que acredita em “hackear o sistema para a mudança acontecer”.
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Diversidade no meio corporativo
Durante a entrevista, Ana pontuou a importância de trabalhar as mudanças sociais dentro das corporações. “Eu acredito muito em usar a intencionalidade. Nos locais onde há mais recursos é que acontecem as mudanças com mais agilidade”, explica a profissional, que destaca que é um caminho seguido pela Unilever.
Por isso, Ana destaca uma das formas de promover mudanças.
“Se a gente não tiver o programa de aceleração de carreiras para pessoas negras, ter representatividade numérica de profissionais negros em posição de liderança vai demorar muito mais tempo, já que infelizmente ele não é natural, por vários motivos, e nenhum deles é incapacidade das pessoas negras”.
Outra maneira, é também apoiar empresas e iniciativas de pessoas negras, programas de aceleração desses grupos. Além disso, se atentar para demandas que não estão sendo atendidas. E foi ao perceber uma oportunidade no mercado e nas demandas da sociedade, que nasceu a Escola de Marketing Antirracista da Unilever.
Ana Valentim, que faz parte da construção do projeto, fala com orgulho do sucesso e do impacto dele dentro e fora da empresa.
“A iniciativa ganhou o primeiro lugar no prêmio da ONU, e em termos práticos, tivemos 350 pessoas capacitadas com alto engajamento, 15 projetos acelerados, e estamos nos organizando para fazer um Conselho de Marketing Antirracista, para não perder a construção da escola”, diz Ana.
