Março de Lutas: Coletivos de Mulheres Negras lançam agenda coletiva

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No mês que marca o Dia Internacional das Mulheres, a Articulação de Organizações de Mulheres Negras do Brasil (AMNB) e a Rede de Mulheres Negras do Nordeste lançaram a agenda coletiva para a 5ª edição do Março de Lutas.

Esse ano, o evento tem como tema “Reparação no Brasil: o que as mulheres negras estão pensando?” e contará com programações  que ocorrerão ao longo deste mês em todas as regiões do país. Maior grupo demográfico do Brasil, as mulheres negras são também as maiores afetadas pelas desigualdades sociais, retrato de um país que ainda vive sob a égide de uma herança colonial.

Ação da Rede de Mulheres Negras do Nordeste – Foto: Divulgação

Nesse sentido, o debate sobre reparação surge com a necessidade de chamar atenção do Estado brasileiro para a dívida histórica que possui com a população negra, em especial mulheres negras, pelos mais de três séculos de escravidão no país.

Buscando trazer tonicidade à temática, a AMNB e a Rede de Mulheres Negras do Nordeste construíram uma agenda coletiva com programações nacionais e regionais. São mais de 40 atividades incluindo rodas de conversa, atos, seminários e lançamentos de campanhas.

Dois dos pontos altos da programação acontecem no próximo dia oito, quando será lançado um manifesto coletivo intitulado “Obrado retumbante’ por reparação no Brasil rumo à 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras”; e 21 de março, data que marca o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial. Neste dia, serão organizados diversos atos pelo Nordeste e em outras regiões do país. A programação completa AQUI.

Uma das organizadoras do Março de Lutas e coordenadora da Rede de Mulheres Negras do Nordeste, Halda Regina destaca a importância da mobilização em busca do protagonismo do feminismo negro. “O 8 de março ainda traz aquele discurso de que se há pauta das mulheres ali também estarão inseridas as pautas das mulheres negras, mas sabemos que isso não acontece”, comenta.

“Então o Março de Lutas tem essa importância, ele enrobustece e alimenta o oito de março quando pautamos as lutas diversas das mulheres negras do Nordeste, do Brasil”, acrescenta.

Reiterando o posicionamento de Halda, Cleusa Aparecida, que integra a AMNB e também constrói o Março de Lutas, diz que essa precisa ser uma reivindicação conjunta com todos os setores da sociedade. “Por isso, convidamos a todas, todos e todes a participarem dessa agenda de incidência política em todo solo brasileiro”, frisa Cleusa.

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Ela menciona ainda que o Março de Lutas também é um momento propício para iniciar a  construção da Marcha de Mulheres Negras+10, que deve ocorrer em novembro de 2025, ano em que a primeira edição completa uma década. A marcha aconteceu pela primeira vez em  2015, no Distrito Federal, onde mulheres negras de todo o país se reuniram em defesa de pautas como o fim do racismo e o combate às desigualdades sociais. 

Março de Lutas

Criado em 2019 pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, o Março de Lutas é uma agenda coletiva para reafirmar a resistência negra no Brasil. O objetivo é que as mulheres negras brasileiras protagonizem uma chamada para compartilhar práticas, experiências e viabilizar denúncias que fortaleçam o enfrentamento ao racismo, sexismo e lesbofobia que impactam a vida das pessoas negras, especialmente as mulheres.

#MarçodeLutas é a forma de celebrar o legado dos homens e mulheres negras que morreram lutando pela humanidade, cidadania e direitos reconhecidos e assegurados para a população negra. É uma ação que vai reafirmar a denúncia contra as violações de direitos humanos protagonizadas pelo Estado brasileiro, bem como, visa reforçar os debates sobre a importância da vida das mulheres negras no que diz respeito ao enfrentamento a violência doméstica, o feminicídio, o racismo religioso e a violência política. 

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