Um menino de apenas 8 anos foi vítima de racismo, na piscina do condomínio em que a criança mora com a família, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O caso foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância nesta segunda-feira (07). O episódio, denunciado pela mãe da vítima, aconteceu no último sábado (05).
A enfermeira Michelle Caroline, de 30 anos, conta que seu filho Arthur Michel, estava brincando no entorno da piscina com outras crianças. Mas a brincadeira acabou quando uma moradora, que estava na água, começou a questionar se a criança morava mesmo ali. Quando a mãe chegou, ainda conseguiu ouvir a mulher chamando Arthur de “preto e favelado“.
De acordo com Michelle, que mora há dois meses no local, a família estava fazendo uma festa de aniversário no salão de festas do condomínio, e foram as crianças que contaram o que estava acontecendo quando a chamaram para interferir.
“Quando eu vi ela segurando o braço do meu filho eu fiquei indignada. A minha atitude como mãe foi de tirar o braço dela de cima dele. Na hora que ela começou a falar que ele era preto, favelado e sem educação, na hora, não caiu a ficha. Ela também me questionou: ‘pessoas como você, nem sei se moram nesse condomínio”. Como assim?“, conta a mãe que discutiu com a mulher.
A mãe conta que o filho foi bem recebido pelas outras crianças do condomínio, e que costumava sair para brincar, ir para o futebol, mas depois do episódio, começou a ter medo e evitar de sair. “Onde ele vai, ele pede para alguém ir com ele. Ele tem futebol, mas ele disse ‘não mãe, vai que eu encontro aquela mulher na rua?’. Ele não está mais aquela criança alegre que ele era antes“, conta.
Uma câmera de segurança registrou o momento em que a mulher segura o braço do menino de 8 anos – que ficou com o braço roxo – e coloca o dedo na direção do rosto dele.
“Meu filho é uma criança. Foi uma mulher adulta que fez isso com meu filho, e ela não ficou intimidade nem comigo, que estava do lado dele“, contou Michelle.
Ao recorrer ao síndico do condomínio, a enfermeira disse que não recebeu nenhum apoio. “Ele simplesmente falou que ele só era o síndico, e que era para eu procurar a delegacia, que ele só resolve coisa administrativa. Mas em nenhum momento ele pediu desculpas pelo condomínio, em nenhum momento se manifestou“, conta Michelle. Esse já é o segundo caso de racismo no mesmo condomínio em 15 dias.
Ela afirma que só caiu a ficha de que era um caso de racismo ao conversar com outros moradores, e com o inspetor na delegacia, e que ficou decepcionada com a falta de posicionamento do condomínio. “Eu quero que isso sirva de exemplo, de alerta para todos. Pois enquanto não tiver um basta isso vai continuar acontecendo, como foi com o meu filho, com outras crianças“, disse a enfermeira.
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