A ativista negra norte-americana Angela Davis, de 79 anos, lançou seu mais recente livro chamado “Abolicionismo. Feminismo. Já.”, nesta terça-feira (11). A escritora e professora emérita da Universidade da Califórnia, também participou do XVIII Congresso Internacional da Abralic, (Associação Brasileira de Literatura Comparada), compondo uma das mesas do evento na manhã desta terça.
O evento acontece na Universidade Federal da Bahia (UFBA) em Salvador, Bahia, entre 10 e 14 de julho. Angela está acompanhada de uma das quatro coautoras do livro, Gina Dent, colega dela na universidade e pesquisadora de literatura. As duas escreveram o livro com Erica R. Meiners e Beth E. Richie, professoras universitárias do estado de Illinois.
A mesa-redonda, com público limitado, conforme solicitado por Angela reuniu as coautoras do livro, que conversaram com a professora da UFBA Denise Carrascosa, que assina o prefácio. O encontro teve mediação de Feibriss Cassilhas e contou com o auditório da Faculdade de Direito da Universidade, no Canela, lotado.
Quase 1h antes do evento, uma fila enorme se formou na porta do auditório. A maioria eram estudantes de diversos cursos de graduação e pós-graduação, além de docentes da universidade. No encontro ela falou sobre racismo, feminismo, encarceramento, abolicionismo e capitalismo, entre outros pontos, como por exemplo, sobre o racismo e a violência policial contra pessoas negras.
“Em todo aspecto da sociedade, não importa quantos policiais são processados por matar uma pessoa preta, o racismo vai continuar tendo êxito“, diz Angela Davis
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A ministra da Igualdade Racial e fundadora do Instituto Marielle Franco, Anielle Franco, que foi prestigiar o evento, falou sobre a importância da obra recém lançada.
“Unindo feminismo e abolicionismo, as autoras estabelecem uma nova categoria política contra o Estado penal e policial. (…) Este livro é um suspiro para que avancemos cada vez mais no sentido da liberdade de todas as prisões físicas, sociais e estruturais a nós impostas”.
A convidada começou o discurso com um ‘bom dia’, em português, em seguida falou sobre o seu carinho com o Brasil, onde já esteve em outras ocasiões, e do lançamento do livro “Abolicionismo. Feminismo. Já”.
“Pensamos que escrever esse livro seria fácil, porque somos feministas, abolicionistas e estamos nos mesmos círculos [de pesquisa] há anos, mas foi muito difícil. Descobrimos que tínhamos muitas diferenças e que elas podem ser produtivas. Eu já escrevi uns 12 livros e esse foi o mais difícil”, contou.
A produção da obra aconteceu durante a pandemia, em reuniões on-line, e o livro discute feminismo interseccional, internacionalista e abolicionista, e aborda as problemáticas que envolvem o processo de encarceramento.
A ministra Anielle Franco, que compôs o painel “O radical projeto estético, político e ético das mulheres negras para invenção de um mundo comum” junto com a autora Conceição Evaristo no evento, na segunda-feira (10), também se encontrou com Angela Davis e postou o momento em suas redes sociais.