A jornalista Leda Nagle, 72 anos, em conversa no podcast Papagaio falante, afirmou que considera o uso do termo neutro “todes” uma “frescura”. Ela destacou que não vai utilizar a linguagem neutra em seu dia-a-dia.
“Eu não vou falar todes, vou falar todos porque todos quer dizer todos nós. Nós todos. Mas eu não vou falar [a linguagem neutra], porque não vou aprender agora isso. Mas é difícil porque você não quer ofender as pessoas também. Então o todes eu acho frescura, quem quiser falar que vou, não vou proibir ninguém, quer falar, fala, mas eu não vou falar”, disse. .
Durante a conversa, Leda disse ser difícil aprender a falar novas coisas, e disse achar “complicado” a utilização de termos neutros para se referir a pessoas não-binárias. A jornalista afirmou que não pretender mudar sua forma de se expressar para se enquadrar numa forma “politicamente correta” e ressaltou que o uso do “todos” é suficiente porque não estaria fazendo distinção entre os gêneros.
O termo “Todes” foi criado para promover a inclusão identitária de pessoas não-binária, para substituir palavras que determinam gênero, utilizando o “e” no lugar de “a” e “o”.
A jornalista também falou sobre um incômodo por não poder usar termos racistas como “mulata” e “denegrir”. Disse que não sabe lidar com esse tipo de mudança e em muitas situações não sabe como se expressar.
“Tem um monte de coisa que eu não sei hoje em dia com se fala mais. Você não sabe como se refere. Tem o denegrir que não pode falar. Mulata, isso me incomoda muito, porque às vezes fico meio atrapalhada com isso”, revela.
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Como exemplo disso, Leda contou sobre uma entrevista com uma advogada negra especialista em visto americano. “E eu lá naquela situação porque ela não é neeeeeegra, entendeu? E eu falei: ‘como é que eu vou me referir à ela’. E eu perguntei: ‘como é que devo me referir a você?’ E ela: eu sou afro-latina’. Olha que loucura! Olha como é que chega ao requinte“, concluiu.