Justiça de SP condena influenciadora por publicar vídeo vinculando enchentes no RS às religiões de matriz africana

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Esta semana, a 4ª Vara Cível de Indaiatuba, São Paulo, condenou uma influenciadora a pagar indenização por danos morais coletivos, por vincular as enchentes no Rio Grande do Sul que aconteceram em 2024, às religiões de matriz africana. A influenciadora publicou em suas redes sociais, em maio de 2024, um vídeo em que afirma que a situação no RS é consequência da “ira de Deus” em decorrência do número de terreiros no estado.

“O estado do Rio Grande do Sul é o estado com maior número de terreiros de macumba. Alguns profetas já estavam anunciando algo que iria acontecer devido a ira de Deus”, disse Michele Dias Abreu, em um trecho do vídeo que retirou de suas redes, conforme determinou a justiça. A indenização estabelecida é de R$ 35.000,00, mas ainda cabe recurso.

Foto: Pexels

A decisão do juiz Glauco Costa Leite, aponta que as falas de Michele ultrapassaram os limites de liberdade religiosa e de expressão.

A incitação ao ódio público contra outras denominações religiosas e seus seguidores não está protegida pela norma constitucional que assegura a liberdade de expressão. Deixa-se para atrás o legítimo direito ao dissenso religioso para desbordar no insulto, na ofensa, e em última análise, no estímulo à intolerância e ódio coletivo a determinadas denominações religiosas”, afirmou o juiz, que continuou:

“O que é vedado é a retirada de legitimidade de outras religiões, como se não pudessem existir, devessem ser suprimidas ou limitadas a cultos de âmbito privado, sob pena de causar tragédias sociais“.

Mulher é denunciada pelo MP por crime de intolerância religiosa /Foto: Reprodução Redes Sociais

Na mesma decisão o juiz tirou a responsabilidade das empresas de tecnologia, ao afirmar que as mesmas “cumpriram tempestivamente a ordem de retirada do conteúdo, não podendo ser responsabilizados pelo conteúdo veiculado” pela ré.  

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Formada em Jornalismo em 2021, atualmente trabalha como Editora no jornal Notícia Preta, onde começou como colaboradora voluntária em 2022. Carioca da gema, criada no interior do Rio, acredita em uma comunicação acessível e antirracista.

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