O jovem quilombola William dos Santos Barros, de 26 anos, foi assassinado com um tiro nas costas pela Polícia Militar da Bahia (PMBA) no início da noite de domingo (27), na comunidade quilombola de Alagadiço, em Juazeiro (BA). O fato ocorreu uma semana após o assassinato da Mãe Bernadete, líder do Quilombo Pitanga dos Palmares.
William trabalhava no aterro sanitário de Juazeiro e tinha um filho de três anos. De acordo com a PM, o jovem foi alvejado porque estaria “empinando uma moto”. Mas as testemunhas dão uma outra versão. De acordo com os relatos, William estava parado, em pé, ao lado da motocicleta quando o disparo aconteceu.
“Os moradores relatam que ele estava em pé em uma moto, na estrada em frente ao Alagadiço, junto com várias outras pessoas da comunidade, quando foi alvejado nas costas pela Polícia Militar, morrendo na hora. Não houve qualquer possibilidade de diálogo, defesa ou anúncio de prisão”, diz a nota assinada pelo Conselho de Promoção da Igualdade Racial de Juazeiro (Compir), Articulação Quilombola, Frente Negra do Velho Chico.
Segundo os moradores, o corpo do quilombola sumiu por uma hora, diz o texto. “Segundo os moradores, o corpo sumiu por uma hora, sem que fosse dada nenhuma satisfação para os moradores, que o encontraram no Hospital Regional da Cidade“. As entidades também destacaram “Esse assassinato acontece no mesmo mês em que foi brutalmente executada, com 12 tiros, a líder quilombola Bernadete Pacífico. A dor, o luto e a revolta tomam conta da população negra de todo país”, dizem as entidades, exigindo “a mudança da política de Segurança Pública no Estado“.
Entramos em contato com a Polícia Militar da Bahia mas até o fechamento dessa matéria, não tivemos retorno.
Durante a nota de repúdio, a Comunidade Quilombola de Alagadiço, do qual William fazia parte, aponta o preconceito racial e discriminação na morte do jovem. O quilombo é certificado como remanescente de quilombo, pela Fundação Cultural Palmares.
“Vemos essa ação como um exemplo gritante de uso excessivo de força, preconceito racial e discriminação por parte das autoridades que deveriam proteger todos os cidadãos. A perda de William é uma lembrança dolorosa das vidas negras que continuam sendo afetadas pela violência e pelo racismo institucional”, diz parte da nota.
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