As influenciadoras Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves, que deram bananas a crianças negras em vídeos publicados nas redes sociais, viraram rés por injúria racial. A juíza titular da 1ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo, Simone de Faria Ferraz, aceitou denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), na última semana.
No vídeo que circulou na internet, as influenciadoras entregam para crianças negras uma banana e um macaco de pelúcia. Em um dos registros, Kérollen aborda um menino negro na rua e pergunta se ele prefere ganhar um presente ou R$10,00. O menino escolhe o presente, e ao abrir o embrulho, havia uma banana dentro.
As influenciadoras começaram a ser investigadas em maio do ano passado, e em junho a polícia bloqueou as redes sociais da dupla. No Instagram a conta possuía mais de 1 milhão de seguidores, no TikTok cerca de 13 milhões. Em novembro, o MPRJ havia indiciado as duas.
“As denunciadas estariam buscando promoção pessoal e social, através das suas ações filmadas e postadas no aplicativo ‘Tik Tok’, sendo gravíssimo o fato de que a internet consiste num ambiente que não oferece nenhum controle de exposição e transmissão e que atinge ou pode atingir a população do mundo inteiro”, afirmou a juíza.
A magistrada considera que a dignidade humana das crianças foi atacada pelas duas, devido a cor de sua pele e que a exposição também representa uma ofensa grave aos direitos constitucionais das crianças envolvidas.
“Além de terem sido oferecidos brinquedos e frutas que poderiam ser utilizados com cunho racista, em detrimento das crianças, os atos das denunciadas ainda foram filmados e postados na internet, sem a autorização expressa dos responsáveis pelas crianças, que se encontravam nas ruas em situação de vulnerabilidade”, disse.
Na época que os vídeos começaram a circular e as denúncias foram feitas, as influenciadoras se pronunciaram afirmando que “não havia intenção de fazer qualquer referência a temáticas raciais ou a discriminação de minorias”.
Em nota a defesa de ambas afirma que a conclusão da investigação, “não considerou devidamente a versão das acusadas e os elementos apresentados em seus depoimentos”, e afirma não haver dolo discriminatório nos vídeos originais, sem edição. Em outro trecho da nota a defesa coloca que:
“Kérollen e Nancy estão firmes em sua crença na inocência e repudiam qualquer ato de racismo. Elas têm plena confiança na justiça e estão comprometidas em colaborar com as autoridades para assegurar um exame justo e completo de todos os aspectos deste caso”, pontua.
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