IML do Rio não suporta demanda e Detran é usado para receber corpos após megaoperação policial

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Foto: André Gomes de Melo

O Instituto Médico-Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Rio de Janeiro, ficou sobrecarregado após o grande número de mortes resultante da megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, que deixou mais de 120 mortos na zona norte da cidade. A ação conjunta das polícias Civil e Militar, considerada a mais letal da história do estado, gerou uma demanda inédita para o sistema pericial.

Diante do volume de corpos, o Detran-RJ, que fica ao lado do IML, passou a ser utilizado para receber e realizar a identificação preliminar das vítimas. Familiares foram convocados para participar do reconhecimento antes da transferência dos corpos ao IML para a realização das necropsias oficiais.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o processo de identificação deve seguir até quinta-feira (8). Até o momento, mais da metade dos 117 corpos de suspeitos mortos na operação já foi identificada. As necropsias estão sendo feitas no IML Afrânio Peixoto, enquanto os corpos sem relação com a operação foram encaminhados temporariamente ao IML de Niterói, para evitar colapso do sistema.

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Foto: André Gomes de Melo

Durante o trabalho de liberação, familiares se concentram desde as primeiras horas da manhã no posto do Detran, onde recebem informações e apoio técnico da equipe pericial. Parte dos corpos já foi liberada, mas a Polícia Civil ainda não divulgou nomes, idades ou detalhes individuais das vítimas.

A operação, batizada de Contenção, deixou também 113 pessoas presas, entre elas, 33 de outros estados, e 10 menores apreendidos. As forças de segurança apreenderam 118 armas de fogo, sendo 91 fuzis, além de 14 artefatos explosivos, munições e grande quantidade de drogas.

Com a repercussão do caso, a Defensoria Pública do Rio informou que foi impedida de acompanhar as perícias no IML, o que, segundo o órgão, fere o papel de fiscalização determinado pela ADPF das Favelas, decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que estabelece regras para operações policiais em comunidades.

O Ministério Público Federal (MPF) solicitou acesso, em até 48 horas, a todos os laudos e perícias realizadas, além da adoção de protocolos específicos para apuração de mortes potencialmente ilícitas durante a operação.

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