O bloco Afro baiano Ilê Aiyê negou a informação que circulava nas redes sociais que, no carnaval de 2024, pessoas brancas poderiam sair no bloco. A confirmação veio por uma nota da diretoria, publicada nas redes sociais, na última quinta-feira (2).
Na nota, “o Mais Belo dos Belos”, como o bloco é carinhosamente conhecido, informa que as pessoas não negras podem participar de outras atividades da instituição, que não é apenas um bloco de carnaval. “Os brancos serão sempre bem-vindos nas festas, shows e ensaios do bloco. Mas o desfile do Mais Belo dos Belos no Carnaval de Salvador tem a sua beleza no agrupamento festivo e exaltação de pessoas de pele preta e assim permanecerá sendo”, afirma.
Os rumores sobre uma possível abertura para pessoas brancas desfilarem começou após o presidente da entidade, Antônio Carlos Vovô, dar uma entrevista para o podcast Bahiacast e para a Coluna de Marrom. Na conversa, ele disse que “surgiu a reflexão sobre um dia atender os inúmeros pedidos de brancos que gostariam de desfilar no Ilê Aiyê”. foi o bastante para gerar um movimento nas redes sociais.
Várias pessoas reagiram à nota publicada pela Instituição. Em alguns casos, artistas lembraram a importância do bloco para o carnaval de Salvador e para os negros baianos. “Minha gente, vamos acalmar o coração? O desfile do Mais Belo dos Belos no Carnaval de Salvador, esse é nosso lugar de exaltação! De pessoas de pele preta e assim permanecerá sendo. ‘Os brancos serão sempre bem-vindos nas FESTAS, SHOWS E ENSAIOS DO NOSSO BLOCO'”, comentou Dalila Oliveira, Musa da Beleza Negra 2023.
Outros ativistas reforçaram que o Ilê é muito mais que um bloco e o racismo estrutural tem mostrado suas facetas em vários locais, como algumas pessoas que cogitaram um possível “racismo reverso” contra os brancos.
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“Ilê Aiyê desmentiu a informação de que seria permitido a saída de pessoas brancas no bloco a partir do ano que vem. E os comentários das pessoas brancas é invocando a carta do racismo reverso. Tudo isso porque eles não podem sair num ‘bloco’ – pq o Ilê é mais que isso”, escreveu o influenciador baiano Rick Trindade.
Alguns seguidores questionaram a decisão do bloco, que completa 50 anos em 2024, de naõ aceitar brancos e citaram até uma possível “segregação racial”.
“Uma dúvida: isso não seria uma forma de separação de raças? Digo, ao meu ver o correto seria todos se unirem, porque realmente não consigo entender preconceito, de verdade. Assim, acho que se tivesse algum bloco que publicasse escancaradamente que não é permitida a presença de pessoas negras eu acharia um absurdo, então, da mesma forma, fiquei triste agora vendo essa publicação. Sei que ainda temos muito chão pra caminhar e que existe muito racismo, mas não acredito que dividir as pessoas seja o melhor caminho para tal…”, comentou um seguidor.
O Ilê Aiyê foi fundado em 1974, é o primeiro bloco afro do Brasil e se consolidou como uma das expressões culturais do Carnaval de Salvador. Criado por moradores do bairro do Curuzu, periferia de Salvador, ele constitui um grupo cultural que promove a expansão da cultura de origem africana no Brasil.
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