Guinness: Robson Jesus é o homem a conhecer mais rápido todos os 196 países do mundo

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Robson é influenciador digital, viajante profissional, colunista da Folha de São Paulo, palestrante e empreendedor - Foto: Reprodução/Instagram (@onegovailonge)

O Guinness Book acaba de ganhar um integrante brasileiro vindo das periferias de São Paulo. Robson Jesus, nascido e criado na maior favela de Osasco, na Grande São Paulo, acaba de se tornar o mais novo recordista mundial. O feito? Ele é o homem mais rápido a visitar todos os 196 países reconhecidos pela ONU e deu uma entrevista exclusiva ao Notícia Preta.

O que torna essa conquista ainda mais especial é sua origem: Robson é o primeiro homem negro e oriundo da periferia a alcançar tal marco. A façanha foi reconhecida no último dia 18 de outubro, quando os juízes do Guinness World Records avaliaram que, após 2 anos e 42 dias de viagem, Robson pôde conquistar seu lugar no livro dos recordes mundiais.

Como começou a jornada de Robson e alguns desafios enfrentados
A trajetória de Robson para alcançar o recorde não foi fácil. Ele partiu para essa jornada em fevereiro de 2022, em um momento de grande instabilidade global, quando boa parte dos países ainda estava em um período pós-pandêmico muito recente e alguns estavam com fronteiras fechadas. A incerteza só aumentou com a eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia, dois dias após o início de sua viagem.

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Robson é influenciador digital, viajante profissional, colunista da Folha de São Paulo, palestrante e empreendedor – Foto: Reprodução/Instagram (@onegovailonge).

“A questão da economia, como a Europa ia se posicionar […] tudo isso me deixou muito apreensivo. Era um cenário completamente incerto”, explica Robson, reforçando o clima de tensão da época.

Mas a logística foi, talvez, o maior obstáculo de sua jornada. A região da costa oeste da África, em particular, trouxe dificuldades inesperadas. Ele destacou que o valor dos voos era muito alto em relação ao curto tempo de viagem.

“Os voos eram caríssimos. Eu pagava cerca de 500 dólares por um voo de 40 minutos. Para visitar países como Níger e Burkina Faso, em meio a guerras civis, foi muito complicado. Mas eu me adaptava, saía de um continente e voltava para outro, sempre buscando alternativas”, conta Robson, mostrando a resiliência que marcou cada etapa da sua travessia.

A cultura e a culinária da Ásia e a urgência climática na Oceania
Entre os 196 países que Robson visitou, alguns deixaram uma marca mais profunda. Ele descreve a Tailândia como o país que mais o encantou. Fatores como a culinária, os preços e a questão cultural foram os que ele mais destacou.

Outro país que o impactou de forma especial foi Tuvalu, um pequeno arquipélago no Oceano Pacífico que está prestes a desaparecer devido ao aumento do nível do mar. Robson afirma acreditar que dentro de 30 anos o país não existirá mais, por conta de sua pequena extensão e dos problemas causados pelo aquecimento global.

Ele conta que a situação dos cidadãos de Tuvalu é que já têm passaportes australianos, graças a um acordo entre os governos dos países, que compartilham o mesmo continente.

Próximos passos: novos recordes e projetos paralelos
Mesmo após alcançar o Guinness World Records, Robson não pretende parar por aí. Ele contou sobre o próximo recorde que será batido ao lado de um colega. No dia 2 de novembro, ele sairá juntamente com um colega para se tornarem os primeiros brasileiros a fazer a maior viagem de trem do planeta.

A grande aposta de Robson, entretanto, está em um projeto social que promete impactar diretamente as comunidades mais vulneráveis do Brasil: um talk show itinerante. A partir de fevereiro, Robson visitará 27 comunidades nas 27 capitais brasileiras com seu programa. Ele conta que a ideia é ajudar pessoas com sonhos, especialmente artistas locais, a encontrarem oportunidades para realizá-los. Com muito entusiasmo, ele contou como a ideia nasceu em uma experiência pessoal e reveladora.

Robson havia ido palestrar em um evento em Copacabana, no Rio de Janeiro, e na véspera do dia, ele decidiu visitar a favela da Rocinha.

“[…] Ir à favela da Rocinha foi bem legal, conheci várias pessoas, vi muitas histórias legais, comecei a me conectar com algumas histórias deles, principalmente com a galera que estava querendo ser influenciador digital”, relatou.

Robson contou que distribuiu diversos ingressos para sua palestra para os influenciadores em potencial que ele identificou, mas que ao chegar no dia da palestra, apenas uma pessoa compareceu. O único convidado que havia ido contou a Robson que os demais deixaram de ir porque “não tinham roupa”. Impactado por esse relato, Robson decidiu criar o projeto do talk show que irá pessoalmente nas favelas do Brasil afora.

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