Um projeto de R$ 14 milhões coordenado pelo professor Anderson Silveira, genro do pastor Silas Malafaia, provocou uma crise interna na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O volume de recursos e o número de bolsas distribuídas, a maioria para pessoas de fora da instituição, geraram questionamentos e levaram à renúncia coletiva da diretoria da fundação responsável pela gestão das verbas.
Silveira, que atua na área de Educação Física, tornou-se o líder em captação de emendas parlamentares na universidade. Seu projeto, o Programa Esporte para a Vida Toda (Previt), foi financiado com recursos do Ministério do Esporte e prevê a criação de 75 núcleos esportivos em mais de 20 municípios do estado do Rio de Janeiro. Segundo levantamento, 14 desses núcleos funcionam em igrejas e contam com a atuação de pastores.

Do total de R$ 14 milhões, cerca de R$ 11,7 milhões são destinados a bolsas, R$ 7 milhões para beneficiários externos à universidade. O valor é considerado atípico para projetos da instituição, o que acendeu o alerta de setores internos.
O professor reconhece que parlamentares indicam localidades onde os núcleos funcionam, mas afirma não saber quem são os padrinhos políticos das emendas e nega qualquer influência familiar na obtenção dos recursos.
“O pastor Silas nem sabe que eu trabalho com esse tipo de projeto. As indicações acontecem, mas não há determinação direta dos parlamentares”, afirmou Silveira.
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A crise se aprofundou em agosto, quando o presidente, a vice e dois diretores da Fundação de Apoio da Rural (Fapur) deixaram seus cargos. Em carta, disseram se despedir “com o sentimento do dever cumprido”, sem citar diretamente o projeto, mas fontes da universidade confirmam que o Previt foi o principal motivo da saída coletiva.
Anderson atribui os problemas a dificuldades de gestão da fundação e afirma que o Ministério do Esporte autorizou a redistribuição dos valores, reduzindo gastos com equipamentos e ampliando bolsas, para garantir a execução do programa.
O caso reacende o debate sobre a influência política na destinação de emendas e a falta de transparência na execução de projetos custeados com recursos públicos.









