Um retrato preocupante sobre a acessibilidade nas cidades brasileiras foi apontado no Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira, (17). De acordo com o levantamento, 66% dos brasileiros (cerca de 140 milhões de pessoas) moram em vias sem rampas para cadeirantes. Os dados complementam informações anteriores que já apontavam a falta de calçadas em 40% das ruas.
Além disso, apenas 12% dos trechos urbanos possuem rampas adequadas para cadeirantes, um número que expõe a falta de infraestrutura inclusiva. A pesquisa considerou mais de 5 milhões de setores censitários, destacando que, mesmo em grandes centros urbanos, a acessibilidade ainda é um problema grave.
Desigualdades regionais
Enquanto no Sudeste 16% das ruas têm rampas, no Norte e Nordeste esse percentual cai para menos de 8%. A falta de calçadas também é mais crítica nessas regiões, ultrapassando 50% dos trechos sem estrutura adequada para pedestres.
Defensores dos direitos das pessoas com deficiência destacam que a falta de acessibilidade limita a autonomia e a inclusão social. A legislação brasileira, como a Lei de Acessibilidade (Lei 10.098/2000) e o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015), estabelece a obrigatoriedade de adaptações urbanas, mas a implementação ainda é lenta.
Municípios alegam falta de recursos para reformas, enquanto o governo federal promete ampliar investimentos em infraestrutura urbana nos próximos anos. Enquanto isso, milhões de brasileiros seguem enfrentando barreiras diárias para se locomover com segurança e dignidade.
O IBGE analisou mais de 63 milhões de domicílios localizados em áreas urbanas ou com características urbanas, abrangendo 86% da população brasileira. O cenário evidenciado pelos dados reforça a urgência de políticas públicas que promovam infraestrutura urbana acessível, segura e inclusiva.
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