A exposição Indomináveis Presenças, uma imersão em narrativas visuais contra-coloniais que acontece até 30 de junho, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro. Com curadoria de Luana Kayodè e Cíntia Guedes e idealização da AfrontArt – Quilombo Digital de Artes, a exposição apresenta um conjunto de 114 obras de 16 artistas que transitam por suportes como gravura, fotografia, pintura, foto-performance, escultura e inteligência artificial. A entrada é gratuita, mediante retirada de ingressos no site (acesse aqui) e na bilheteria física do CCBB RJ.
Com passagens marcantes por Brasília e São Paulo, Indomináveis Presenças desembarca na capital carioca ampliando sua dimensão simbólica ao ocupar um dos espaços culturais mais relevantes do país. “Chegar ao Rio de Janeiro carrega um significado especial. A cidade, tão emblemática na construção das imagens de brasilidade, também é um território marcado por uma forte presença negra e periférica. Nossa expectativa é que Indomináveis Presenças dialogue com essa história e com esse público, compondo novas imagens que afirmem nossas comunidades, nossos territórios identitários e nossos futuros possíveis”, refletem as curadoras.

A exposição se desloca entre eixos curatoriais que atravessam temporalidades, corpos e territórios, como “Ancestralidade e Espiritualidade”, “Corporalidade e Dissidências” e “Territorialidade e Futuro”. Entre as obras de destaque, estão Oyá – Imagens de Revolta (2023), de Rafa Bqueer, uma série que ressignifica a potência simbólica do orixá Oyá; as investigações visuais sobre gênero e identidade de Mayara Ferrão (séries Verdade Tropical, 2022, e Álbum de Desesquecimentos, 2024), uma das artistas apontadas como destaque da arte em 2025 – que, inclusive, acabou de receber o Sauer Art Prize, prêmio entregue no SP-Arte que celebra os novos talentos da arte contemporânea; além das composições fotográficas de Gê Viana (série Sapatona, 2024), que exploram memórias afro-indígenas através de técnicas de apropriação e colagem.
Os artistas presentes na mostra vêm de diferentes territórios do Brasil, compondo um mosaico de vozes e olhares singulares. Entre eles, também estão Adu Santos (SP), que investiga ausências e presenças na museologia brasileira; Bernardo Conceição (BA), que cria novas formas de percepção através da arte multidisciplinar; Bixa Tropical (BA), celebrando o tropicalismo e a liberdade corporal; Cosmos Benedito (MS), que aborda ancestralidade indígena em diálogos transdisciplinares; Edgar Azevedo (BA), retratando a complexidade da experiência humana; Panamby (SP/MA), que transita entre rituais e visagens em suas criações; e Emerson Rocha (SP), retratando a homoafetividade periférica e o corpo negro.
A lista é completada também por Helen Salomão (BA), unindo corpo, identidade e ancestralidade em sua arte; Juh Almeida (BA), explorando afrovisualidades por meio da fotografia e do cinema; Lucas Cordeiro (BA), que investiga espiritualidade e memória ancestral em suas esculturas; Rafaela Kennedy (AM), reescrevendo histórias apagadas pela colonização; Rainha F (RJ), explorando simbologias matrimoniais e mecanismos de sobrevivência; e Uyra Sodoma (PA), conhecida como “Árvore que Anda”, que explora relações entre floresta e cidade em suas performances.
“A exposição é fruto de um processo curatorial compartilhado, o que permitiu uma construção orgânica do acervo, com diálogo constante entre nós e os artistas”, afirmam Kayodè e Guedes, que completam: “Indomináveis Presenças também se firma como um marco de resistência e reparação, ocupando um espaço de relevância histórica e simbólica. E a ocupação de espaços como estes representa um passo fundamental na afirmação de narrativas historicamente apagadas. Nossa proposta é reflorestar o imaginário coletivo”.
O projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura e Banco do Brasil, por meio da Lei Nacional de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).
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