EXCLUSIVO: Jovem negro é levado pra delegacia acusado de racismo reverso por bolsonaristas

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O jovem foi acusado de cometer racismo reverso no último domingo, em Niterói, durante uma manifestação pró- Bolsonaro

Manifestantes pró Bolsonaro atacaram e acusaram o jovem negro – Foto: Reprodução

Rafael Teixeira, um jovem negro, foi levado para a delegacia do Centro de Niterói, no último domingo (14), acusado de cometer racismo reverso contra manifestantes brancos bolsonaristas. A voz de prisão foi do vereador Douglas Gomes (PTC). O Notícia Preta conversou, com exclusividade, com o advogado Marcos Kalil, que representa Rafael.

Kalil informou que Rafael Teixeira e um amigo estavam andando de skate no Horto do Fonseca, no início da tarde, quando passaram pela manifestação e se aproximaram. Ele relata que foi alvo de ataques físicos, como empurrões, e também xingamentos racistas, quando foi chamado de “seu preto de merda”. No momento, Rafael retrucou. O advogado de Direitos Humanos contou que estava em casa quando soube do caso. “A gente recebeu uma denúncia de que um menino teria sido levado para a delegacia com um flagrante de racismo reverso”, afirmou.

Segundo o advogado, o vereador Douglas Gomes conduziu toda a confusão e a perseguição aos meninos desde o início: “O que estava em jogo era um troféu que ele queria levar para a casa. Ele queria provar que o racismo reverso existe, usando as brechas de um Estado autoritário que permite que uma lei antirracista seja usada contra pessoas negras”. Já na delegacia, Marcos descreveu a dificuldade que teve para provar que Rafael era inocente e que era a verdadeira vítima. Quando afirmou para o delegado do caso que não existe racismo de uma pessoa negra contra uma branca, o responsável pela delegacia discordou dele.

O Notícia Preta entrou em contato com a assessoria de imprensa do vereador, mas até o fechamento desta reportagem não obteve respostas.

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acusado de cometer racismo reverso – O caso foi registrado na Delegacia do Centro de Niterói – Foto: Reprodução

Ainda de acordo com o advogado, foram mais de cinco horas dentro da delegacia pensando na melhor estratégia. “A gente tinha que provar muito mais do que o outro lado [manifestantes]”. Caso acontecesse a prisão, o jovem iria passar a noite na delegacia e depois seria levado para Benfica, onde encontraria um juiz em uma audiência de custódia. O caso de racismo contra Rafael só foi comprovado após ele ter apresentado um vídeo da acusação para o delegado que mostrava o momento exato em que tinha sofrido o ato de racismo. “Foi, na verdade, um momento crucial de virada para o delegado ficar do nosso lado”, afirmou o advogado de Rafael. 

Já à noite, as duas partes, Rafael e o grupo de pessoas, optaram pela retratação, o que retira a possibilidade de pena, mas a pressão psicológica sofrida pelo Rafael até a decisão final, fez com que ele ainda aguardasse em torno de uma hora até que o grupo de pessoas e os advogados decidissem se iriam se retratar também. “Parecia que tipo assim: vocês ganharam, mas vocês vão ficar aí esperando com um pouco de angústia para saber o que vai acontecer ou não”, disse Marcos. 

Racismo reverso nas mídias

Com o aumento das discussões sobre as pautas sociais em noticiários, alguns termos estão tendo os seus sentidos distorcidos por alas mais conservadoras. O racismo reverso, que não existe, está, cada vez mais, sendo utilizado por pessoas que costumam atacar a luta antirracista. Um exemplo disso ocorreu na A Fazenda, Reality Show promovido pela TV Record, quando o cantor paulista Biel disse para a funkeira carioca Jojo Todynho que “racismo não é só do branco para o negro”. Jojo, então, respondeu o rapaz. “Você precisa estudar, Gabriel. Não está sabendo das coisas”. 

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